sábado, 8 de novembro de 2014

Eucalipto transgênico pode aumentar produtividade e reduzir custos da Suzano

A aprovação do plantio com fins comerciais de uma planta de eucalipto geneticamente modificado deve ajudar a Suzano Papel e Celulose a elevar a produtividade de suas florestas e cortar custos com logística.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação faz audiência pública na quinta-feira para discutir o pedido de liberação comercial do eucalipto geneticamente modificado, desenvolvido pela FuturaGene, empresa de biotecnologia comprada pela Suzano em 2010.

O eucalipto transgênico, avaliado em campo pela FuturaGene desde 2006, apresenta aumento de produtividade de cerca de 20 por cento em comparação com o convencional, segundo a empresa. O acréscimo se dá por conta do maior crescimento em altura e em diâmetro do eucalipto transgênico, o que resulta em maior volume de madeira produzido por hectare, sem alteração na composição.

"No eucalipto convencional, o melhoramento preconiza por volta de 0,8 por cento de aumento de produtividade ao ano. Vinte por cento é o que se ganharia em aproximadamente 20 anos ou mais de melhoramento convencional", disse à Reuters o vice-presidente de assuntos regulatórios da FuturaGene, Eugênio Ulian.

Com maior produtividade seria possível cortar a árvore de eucalipto aos 5,5 anos de idade com o mesmo volume e mesmas características de madeira necessárias para produção de celulose obtidos com o eucalipto convencional aos 7 anos. Ou esperar o ciclo de 7 anos e ter cerca de 20 por cento mais madeira, disse.

O pedido é o primeiro do gênero no Brasil e, segundo Ulian, pode trazer ganhos consideráveis em economia de custos. "É um aumento muito grande (de produtividade) que permitiria que a indústria repensasse os locais onde o eucalipto é plantado, buscando plantios mais próximos das fábricas e disponibilizando áreas em locais mais distantes", afirmou.

Uma possibilidade seria produzir mais nas áreas mais próximas de fábricas, reduzindo o custo com o frete da madeira, e deixar de plantar 20 por cento nas áreas mais distantes, que poderiam ser destinadas a outras finalidades como preservação.

"Nesse contexto, você também pode diminuir a área plantada, que traz uma redução de custos grande... o custo de implantação da floresta é o maior de todo o sistema", avalia Ulian.

Procurada pela Reuters, a Suzano não quis detalhar as decisões estratégicas que pretende tomar para o plantio do eucalipto geneticamente modificado. "As decisões relacionadas a plantio serão tomadas após o parecer da CTNBio", afirmou.

O eucalipto cuja aprovação comercial foi submetida à CTNBio é mais indicado para o Estado de São Paulo, segundo a FuturaGene. A planta geneticamente modificada tem área limitada de adoção, uma vez que cada região possui diferentes características que podem fazer a produtividade variar. "Mas temos pesquisas para ampliar a adoção desse produto", afirmou Ulian.

A Suzano mantém 819 mil hectares de florestas nos Estados de São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Piauí e Maranhão, dos quais 354 mil ocupados por eucalipto.

"O plantio será feito de forma gradual, de acordo com as práticas de manejo florestal adotadas pela empresa na implantação de qualquer novo clone. Caso aprovados, os plantios iniciais serão feitos no Estado de São Paulo e, posteriormente, estendidos para as demais localidades", afirmou a Suzano.

Depois da audiência pública na quinta-feira, ocorrerão discussões e possível votação do pedido de liberação comercial na CTNBio, que não tem uma previsão sobre quanto tempo o processo pode durar.

"Após a audiência, os relatores devem entregar os relatórios para votação no plenário da CTNBio. Gostaríamos que isso acontecesse até o fim do ano, talvez na primeira reunião do início do ano que vem", disse o presidente da Suzano, Walter Schalka, em teleconferência com analistas em meados de agosto.

(Reuters)