Criar cães, gatos, coelhos e outros animais de estimação em casa, ou ter contato constante com eles, ocasiona benefícios para o ser humano que vão além da companhia. Ter um bichinho de estimação pode até ajudar no tratamento de doenças que afetam os donos. O tempo diário dedicado a eles pode diminuir a pressão arterial, reduzir o risco de doença cardíaca, sem contar que o carinho que eles são capazes de doar aumenta o bem-estar e diminui a sensação de estresse e solidão. Chegar em casa depois de um dia exaustivo e ser recebido com festa, deixa qualquer um mais feliz.
“Com o processo de urbanização, perdemos este contato mais próximo com os animais, que foram companheiro dos humanos por muitos séculos. E ter um bicho de estimação tem inúmeros benefícios. Diminui a pressão arterial, facilita o sono, reduz o estresse e aumenta o sentimento de conexão com a comunidade. No trabalho, por exemplo, por mais que desenvolva afinidade entre os colegas, o contexto é competitivo. Os adultos acabam tendo pouca convivência comunitária fora deste contexto, isto pode acarretar depressão e ansiedade”, observa Valéria Cristina Brito, psicóloga e chefe do Serviço de Assistência Materno Infantil e Puericultura do Ministério da Saúde.
Na maioria das crianças, a afeição é imediata. De acordo com a psicóloga, no caso dos pequenos, o mais importante neste convívio é o desenvolvimento da relação de afetividade. “Até os três anos a criança está aprendendo a se vincular. Nascemos com potencial, mas é necessário um ambiente que favoreça vínculos positivos. Um bicho de estimação permite uma vivência permeada pela fantasia e o imaginário, já que eles não falam. Algumas crianças fazem esta relação com objetos, mas há um limite, pois o objeto não retorna a afetividade. Aquilo que desenvolveu com os bichinhos de pelúcia vai ser potencializado pela afetividade do animal”, explica Valéria.
Para os pais que objetivam desenvolver o senso de responsabilidade dos filhos, Valéria explica que isto só é possível a partir dos seis anos de idade. “É a partir desta idade que ele entende a relação entre causa e efeito. Não se pode exigir de uma criança pequena uma organização interna que ela não tem. Até três anos, a maioria das crianças não tem noção de tempo e um animal precisa de horários de alimentação e descanso, por exemplo”, orienta. Além disso, o animal de estimação deve combinar com a fase de desenvolvimento da criança somada à dinâmica da família. “Não adianta família sem hábitos externos ter cachorro, pois o animal pode ficar ressentido, agressivo, urinar pela casa. Pássaros de estimação como periquitos, papagaios e calopsitas não são as melhores escolhas para os pequenos porque são mais difíceis de domesticar e podem machucar a criança com o bico ou a garra.” A psicóloga recomenda ainda que animais como coelhos, hamsters, cachorros médios ou grandes também são para fases posteriores.
Além de treinar o bicho de estimação e escolher raças mais dóceis, ela lembra a importância de manter bons hábitos de higiene, mesmo que o animal seja doméstico e vacinado. É importante sempre lavar as mãos com água e sabão depois de lidar com os animais e não deixar que eles durmam na mesma cama que o dono. “E no caso da família que não tem interesse em ter uma mascote em casa, propiciar este contato com os animais, nem que seja um passeio ao zoológico, a um sítio, é muito importante. Esta presença dos animais na vida das crianças é muito positiva”, acrescenta.
Para quem sofre de mal de Alzheimer ou outras doenças relacionadas à memória, os bichinhos também podem trazer ótimos benefícios. De acordo com a terapeuta ocupacional do Programa de Atenção aos Cuidadores da Demência (PAC-D) do Hospital Nossa Senhora Conceição, em Porto Alegre (RS), Elisete Bernardes, os animais de estimação podem ser um elemento importante na recuperação, melhorando a resposta dos pacientes aos cuidados e tratamentos. “Orientamos aos familiares que, no cuidado em casa, o contato com o animal proporciona atividades como a responsabilidade de dar água e comida, fazer carinho, pentear o animal e isto ajuda a resgatar o que está preservado na memória”, destaca.
Além disso, os bichinhos também podem diminuir a solidão, ajudar a reduzir o estresse e motivar a prática de exercícios ou brincadeiras – o que não só representam benefícios ao corpo, como a mente também.
(Ana Paula Ferraz / Agência Saúde)