Determinadas pela NR 6 para proteção dos olhos e da face contra impactos de partículas volantes, radiação ultravioleta, radiação infravermelha e luminosidade intensa, as máscaras de solda surgiram concomitantemente ao advento do processo de soldagem que conhecemos hoje, há pouco mais de um século.
Com o tempo, seu nível de proteção foi sendo aperfeiçoado. A criação de filtros com autoescurecimento foi o marco de sua evolução, que deve alcançar, ainda, mais leveza e conforto ao trabalhador.
A soldagem, técnica aplicada sempre que há a necessidade da união de peças metálicas, ou parte delas, soma pouco mais de 100 anos de história na forma e processos que conhecemos hoje. Desde o seu início, o homem teve de buscar máscaras que protegessem a face, especialmente, a área dos olhos.
A partir do século 19, a importância da solda foi potencializada, e a sua tecnologia passou a ser aprimorada com a introdução do arco elétrico, a descoberta do acetileno e o desenvolvimento de fontes produtoras de energia elétrica. No decorrer da Segunda Guerra Mundial, a soldagem ganhou grande impulso em função da fabricação de veículos como navios e aviões. Consequentemente, a forma de proteção do soldador passou, também, por uma evolução.
"As máscaras foram evoluindo à medida que surgiram novos processos de solda, novas aplicações. Com a utilização maciça do processo na indústria, nasceu a necessidade de oferecer melhores condições de trabalho e segurança para que o trabalhador permanecesse produzindo por mais tempo", conta a gerente de Negócios e Gestão de EaD da empresa Thomaz Ferreira Consultores/Solda Online, Fernanda Laureti Thomaz Ferreira.
O primeiro grande marco na evolução deste EPI (Equipamento de Proteção Individual) foi o desenvolvimento de lentes que escureceriam automaticamente quando em contato com a intensa luz provocada pelo processo em questão, como relata o especialista do Serviço Técnico da 3M do Brasil, João Adalberto Corder. "Datam de 1975 os primeiros projetos de desenvolvimento da tecnologia do autoescurecimento. Em 1981, foram introduzidos os primeiros protótipos de máscara de solda com esse atributo no mercado", detalha.
Os testes iniciais foram realizados pelo sueco Eik Hornëll. Seu pai era soldador e ele sentiu-se estimulado a desenvolver uma proteção melhorada para a atividade. Posteriormente, fundou a empresa Hornëll, na Suécia, e lançou os EPIs sob a marca Speedglas. As máscaras automáticas proporcionam visão clara e precisa continuamente, escurecendo apenas quando se abre o arco no início da soldagem. Quando a solda é interrompida, automaticamente, retorna para o modo claro.
Em pouco tempo, a popularização do LCD (Liquid Cristal Display), utilizado a partir dos anos 1980 em grande escala na fabricação de eletrônicos como monitores, celulares e televisores, tornou a produção de lentes com autoescurecimento mais acessível. Foi quando empresas do Japão e dos Estados Unidos passaram a investir neste novo formato de máscaras, disseminando o conceito e os produtos por todos os continentes.
E é dessa evolução que descende, segundo George Cestini, gerente de Marketing e Produto da Grainger - empresa que distribui e revende EPIs das fabricantes MSA, 3M, Ledan e Carbografite -, o que há de mais moderno no segmento.
"As máscaras mais modernas, além de possuir visores de LCD, distinguir a luz natural ou elétrica da luz emitida por um arco de soldagem e funcionarem com baterias recarregáveis com a luz do sol, permitem regulagem de tonalidade e tempo de troca claro/escuro, facilitando a adequação de acordo com o tipo de soldagem. São encontradas máscaras de solda com o tempo de troca de claro para escuro desde 1/2.000 segundos até 1/50.000 segundos, sendo que quanto mais rápida, melhor ela é", conta ele.
No cenário atual, o Brasil faz uso de dois tipos diferentes de proteção para o trabalho de soldagem. O primeiro, e mais simples deles, compreende as máscaras com filtro passivo ou convencional. "São equipamentos que contêm filtros e lentes de proteção externa em vidro, materiais plásticos de custo reduzido e, consequente, vida útil menor.
Além disso, exigem que o soldador levante a máscara para enxergar o trabalho quando não está soldando, causando cansaço e exposição à radiação de outros soldadores a sua volta", enumera Corder.
A outra opção é a que conta com filtros automáticos ou de autoescurecimento e proporciona maior proteção e menos cansaço ao trabalhador, visto que ele pode enxergar através do filtro sem precisar levantar a máscara quando não está soldando.
Segundo o especialista, isso permite esmerilhar, bater escória e montar as peças sem movimentos de levantar e abaixar a máscara, resultando em uma proteção mais efetiva.
Há, ainda, máscaras especiais para locais quentes ou confinados, com respiradores, para soldagem interna de vasos de pressão.
Da mesma forma que suas especificidades, os tipos de máscaras possuem preços diferenciados. Para se ter uma ideia, o valor médio das máscaras convencionais gira em torno de R$ 17, enquanto o valor aproximado dos modelos com autoescurecimento é de R$ 900. A durabilidade de ambas é indefinida, diz Cestini, uma vez que está diretamente relacionada às condições e forma de uso.
Em modelos mais simples, a manutenção costuma contemplar a substituição das lentes protetoras transparentes e com tonalidades, devido às partículas que se chocam durante as atividades de solda. Já em produtos mais atuais ocorre a troca das lentes protetoras transparentes, do cartucho de escurecimento, em caso de avaria, e das baterias, quando desgastadas.
Durante a realização dos processos de soldagem, os trabalhadores estão expostos a vários agentes de risco, incluindo os físicos, químicos, ergonômicos e biológicos. Existem diferentes tipos de controle para esses riscos.
(Camila Veiga, Revista Proteção)