Durante mais de uma década, ele foi considerado um herói. Não só pelas sete vezes que subiu ao pódio como vencedor da Volta da França - a competição mais importante da modalidade -, mas também pelas vitórias conquistadas contra o câncer que começou no testículo e se espalhou pelo pulmão, com metástase no cérebro. Fundou um instituto para ajudar pessoas com a doença, que arrecadou mais de US$ 500 milhões. Por isso, era um exemplo para o mundo. E pela primeira vez, o mundo ouviu do próprio Lance Armstrongque ele era uma farsa.
Logo de início, a apresentadora Oprah Winfrey perguntou se ele tinha tomado substâncias proibidas para melhorar o seu rendimento no ciclismo.
“Sim.”
“E uma dessas substâncias foi EPO?”, perguntou ela.
“Sim”, disse ele.
EPO é um hormônio que aumenta a capacidade muscular e dá mais resistência ao atleta. Outra maneira de conseguir isso é fazendo a transfusão do próprio sangue antes das provas. Perguntado se também fez uso desse tipo de trapaça, ele disse: “Sim.”
Mas a lista de substâncias proibidas era grande: testosterona, hormônio do crescimento, cortisona. Armstrong passou os últimos 13 anos negando o doping, como em um depoimento dado em 2005 sob juramento.
Ele ainda atacava violentamente os que diziam que estava mentindo, inclusive o ex-colega de equipe Tyler Hamilton, que hoje disse que considera a admissão um primeiro grande passo.
A agência americana antidoping já havia banido Armstrong do esporte e anulado todos os títulos dele. Em outubro, publicou um relatório com depoimentos de 26 pessoas que davam detalhes de como funcionava o esquema.
“Em algum momento sentiu que estava trapaceando?", perguntou a apresentadora.
"Não, que é o mais assustador de tudo."
Apesar de ter posto fim às mentiras, ele não deu detalhes de como funcionava o esquema antidoping, que teria envolvido quase todos os ciclistas que competiam com ele. Essa informação é considerada fundamental para as autoridades antidoping e poderia ser usada por Armstrong como barganha para voltar a competir.
Fonte: Jornal Nacional
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