sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Rio teve mais de 2 mil denúncias de ameaça de desabamento em 2012


O município do Rio de Janeiro atendeu a 2.806 chamados sobre ameaças de desabamento, desabamento ou imóvel com trepidação em 2012, ano da tragédia da queda dos três prédios na Avenida Treze de Maio, que deixou 22 mortos e que completa um ano nesta sexta-feira (25).

Nesta quarta-feira (23), a fachada de um sobrado na Rua do Livramento, na Gamboa, na Zona Portuária do Rio, desabou sobre três carros estacionados. Não houve feridos.

De acordo com a Prefeitura, durante o ano de 2012, a Secretaria municipal de Urbanismo realizou 10.654 ações de fiscalização que resultaram em embargos, notificações e intimações, além de 6.150 multas aplicadas por desrespeito à legislação urbanística da cidade. Foram interditados 628 imóveis com ameaças de desabamento parcial ou total. Outras 18 interdições foram realizadas em imóveis com mau estado de conservação.

Segundo a Prefeitura, arquitetos e engenheiros da SMU realizam vistorias diariamente. Já a Defesa Civil Municipal atua sob demanda. Ao receber solicitações de algum órgão da prefeitura ou de cidadãos, via central 1746 ou pelo telefone 199, técnicos vistoriam o imóvel e, caso necessário, encaminham o laudo para os órgãos.

A Polícia Federal indiciou sete pessoas pela queda dos três prédios e a morte de 22 pessoas no ano passado. O maior desejo das vítimas não é só receber indenizações pela perda dos bens materiais, mas que se haja punição para obras irregulares, a fim de que outras vidas não sejam perdidas.

“Minha maior esperança é que a consciência pública do estado e da prefeitura seja despertada, para que mantenha uma fiscalização mais eficiente dos prédios antigos da cidade, que são muitos. Há um descaso pela segurança da cidade, pela ausência de fiscalização das autoridades da cidade. Que se mude essa mentalidade, que o habite-se seja renovado periodicamente - prédios centenários não têm renovação de habite-se”, afirmou o advogado Octávio Blatter, presidente do escritório de advocacia Blatter e Galvão, uma das empresas que vieram abaixo.

A associação das vítimas vai realizar uma missa em homenagem aos 22 mortos às 11h desta sexta-feira, na Igreja São José, na Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro. Cinco pessoas seguem desaparecidas.

O inquérito agora está com o Ministério Público do Estado. Na semana passada, a promotora Ana Lúcia Melo enviou um ofício à Polícia Civil, dando um prazo de três meses para mais investigações. Nele, a promotora pede mais depoimentos e uma perícia complementar. Segundo a Polícia Civil, a delegacia que investiga caso ainda não recebeu o ofício do MPE.

Presidente da Associação das Vítimas da Treze de Maio, o cirurgião-dentista Antonio Molinaro tinha cinco consultórios no 4º andar do Edifício Colombo. Ele usou reservas financeiras, ganhou doações e conseguiu refazer a vida em uma sala no mesmo bairro. Ele calcula o prejuízo de R$ 600 mil. A renda atual caiu cinco vezes. “Tive que usar minha poupança, vender bens que eu tinha para pagar as contas, e ganhei de alguns colegas cadeira, ganhei equipamentos”, contou.

Além dos 22 mortos — cinco deles até hoje desaparecidos —, a tragédia deixou centenas de pessoas traumatizadas, desempregadas e endividadas. Consultórios, escritórios de contabilidade, de advocacia, livraria, produtora de vídeo, tudo virou escombros. Para refazer a vida, a maioria teve que baixar o padrão de vida.

Fonte: G1