segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Trabalho para tratar usuários de crack em SP começa nesta segunda

Começou nesta segunda-feira (21) em São Paulo, a internação de usuários de crack para tratamento, mesmo contra a vontade deles. O dependente vai ser abordado na rua e avaliado por uma equipe. Ele pode ficar internado dependendo do resultado da avaliação dos médicos e psiquiatras.

A equipe será formada por médicos, psiquiatras, advogados, promotores e juízes. Eles vão avaliar quem for levado para o centro. Dependendo da conclusão da equipe, o usuário pode ser internado para ser submetido a tratamento médico, mesmo contra a vontade.

Para o coordenador da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Antonio Malheiros, a internação contra a vontade do paciente às vezes é necessária, mas ela deve ser uma exceção. Ele explica que há uma diferença entre internação involuntária e compulsória. “Involuntária pode ser o pedido de qualquer familiar. Compulsória por meio de ordem judicial”.

Hoje, várias famílias já procuraram o centro de referência de álcool, tabaco e outras drogas para pedir a internação de parentes. Do lado de fora, um grupo de manifestantes criticou a decisão de submeter dependentes a um tratamento contra a vontade deles.

A medida divide até os próprios pacientes. O ex-usuário de crack e técnico de enfermagem, Maurício Régis Nunes Martins, perdeu casa, família, emprego e morou na rua mais de um ano. Está longe do vício desde que resolveu procurar ajuda sozinho, há sete meses. “Você está na rua, revoltado, vai ser tratado com força. Eu creio que tem jeito de se libertar sem precisar de medicamento e ser levado feito bicho”, diz.

Já José Francisco Rodrigues, que foi viciado durante 30 anos, acredita que tem uma hora que o viciado não consegue mais decidir nada sozinho. “A pessoa drogada na rua não tem como escolher nada. Ela não vai dizer 'não, eu quero me tratar', se ela já está sob efeito 24 horas da droga e do álcool, mas dá uma chance dela lúcida escolher: eu quero essa vida ou quero a outra”.

A equipe do Jornal Hoje circulou no centro da capital paulista na semana passada. Os usuários ocupam várias ruas e avenidas. O crack tem o mesmo princípio ativo da cocaína, mas como é fumado, chega mais rápido ao cérebro.

Em poucos segundos, o usuário começa a sentir os efeitos físicos. Fica suado, o coração bate mais rápido, o calibre de algumas artérias diminui.

O crack vai para o pulmão que tem uma grande área de absorção, chega ao coração e vai direto para o cérebro. Em poucos segundos, a droga já está agindo no sistema nervoso central.

O organismo aumenta a produção principalmente de dois neurotransmissores: a dopamina, responsável pela sensação de prazer, e a noradrenalina, que o organismo libera em situações de perigo e estresse.

Fonte: Jornal Hoje