quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Incremento na produção nacional de medicamentos


A produção de fármacos é considerada estratégica para o crescimento econômico do Brasil e, em especial, do estado do Rio de Janeiro. Apesar disso, os especialistas apontam uma série de dificuldades no setor, entre elas a capacitação para desenvolvimento de novas formulações. “Por isso, os governos federal e estadual vêm criando iniciativas voltadas para a instalação de novos laboratórios com esse objetivo, no território nacional", explica o farmacêutico, professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Carlos Carreira Freitas. Ele dirige o Laboratório Universitário Rodolfo Albino (Lura), espaço voltado para pesquisas e atividades práticas para os estudantes do curso de Farmácia da universidade, que tem um aspecto ainda mais importante: a ele está vinculada uma das iniciativas para alavancar o setor farmacêutico no estado: o Laboratório de Desenvolvimento de Novas Formulações (LDNF), projeto que conta com recursos do edital Apoio às Instituições de Ensino e Pesquisa Sediadas, da FAPERJ. 


Fruto de uma parceria entre pesquisadores do Lura com o Instituto Vital Brasil (IVB), o LDNF foi criado há cerca de quatro meses nas dependências do Parque Tecnológico da Vida – incubadora de empresas de biotecnologia do IVB. Segundo seu coordenador, Carlos Peregrino, o LDNF serve para atividades práticas, orientação de projetos de pesquisa de estudantes de Farmácia da UFF e de outras instituições parceiras, unindo teoria à prática. Também desenvolve novas propostas relacionadas a inovações tecnológicas para a formulação de medicamentos já existentes nos laboratórios públicos e privados do país. "Desta forma, buscamos otimizar processos que diminuam os custos dos remédios oferecidos à população, fabricados em laboratórios públicos", explica. 

Apesar de pouco tempo de existência, o novo espaço já vem apresentando resultados. Segundo o coordenador do LDNF, há vários projetos em andamento. "Estamos realizando estudos para o processamento de um fitoterápico nacional à base deUncaria tomentosa, a popular unha-de-gato, planta de eficaz ação antiinflamatória e analgésica, que pode ser empregada no tratamento de artite e artrose. A Uncaria tomentosa  também vem sendo estudada por pesquisadores da Fiocruz para o tratamento da dengue. Nessa mesma linha, há outro trabalho para elaboração de um comprimido à base de Maytenus ilicifolia,planta conhecida como espinheira santa, com ação antiúlcera comprovada farmacologicamente", complementa. 

O coordenador do LDNF ressalta a importância de outras parcerias para a divulgação de novos conhecimentos, como o convênio feito com o Departamento de Tecnologia Farmacêutica da UFF para aulas práticas no curso de pós-graduação
 latu senso de sua Faculdade de Farmácia, que está sendo realizado com técnicos da Anvisa. "Também fomos o local escolhido para o X Curso Internacional de Tecnologia Fitofarmacêutica, em 2014, em que pesquisadores do Mercosul e da península ibérica discutirão tecnologias relacionadas à produção de fitoterápicos", acrescenta.

Durante muito tempo, o Lura abasteceu a produção de medicamentos utilizados pelo Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), da UFF. Com o passar do tempo, no entanto, o laboratório gradativamente foi deixando de exercer essas funções, passando a ser usado somente na área de controle de qualidade de medicamentos. "A orientação de pesquisas dos nossos alunos passou a ser feita através de parcerias firmadas pela equipe com outros laboratórios do estado", explica Freitas.

Ao assumir a direção do Lura, há aproximadamente um ano e meio, Freitas sugeriu um projeto de revitalização para o laboratório. “Era necessário integrá-lo com outras instituições que têm o mesmo interesse de ensino, pesquisa e extensão", afirma Freitas. Pelo que a equipe concluiu, seria melhor adquirir novos equipamentos e criar um novo laboratório – o LDNF – no Parque Tecnológico da Vida, dentro do Instituto Vital Brazil (IVB). "Com os recursos da FAPERJ, reformamos e compramos equipamentos, como as rotativas para fabricação de comprimidos, drageadores, granuladores e aparelhos spray-dryer, importantes para o desenvolvimento de processos de secagem de vários produtos, sem que ocorra degradação de insumos farmacêuticos", explica.

Enquanto Freitas continuou na direção do Lura, o novo espaço, o LDNF, passou a ser coordenado por Carlos Peregrino. "Nele, além dos projetos já listados, temos ainda pelo menos mais quatro, que começaremos a desenvolver em breve", completa. Tanto Freitas quanto Peregrino se mostram bastante satisfeitos com os resultados obtidos em tão pouco tempo. "Agora esperamos consolidar o espaço e buscar novos recursos para, no futuro, transformá-lo num dos laboratórios públicosde pré-desenvolvimento e pesquisa relacionados à tecnologia far

Fonte: Vinicius Zepeda, FAPERJ