domingo, 3 de março de 2013

Estudo aponta casos de câncer bucal gerados por sexo oral sem proteção

O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp recebe dez novos pacientes de câncer bucal por mês e a incidência de casos provocados por sexo oral sem proteção tem preocupado os médicos especialistas da instituição. Segundo especialistas da universidade, os diagnósticos deste tipo geralmente ocorrem entre pacientes jovens.

O médico do HC Alfio José Tincani, especialista neste tipo de tratamento, explica que o sexo oral sem camisinha coloca a boca em contato com fluidos e com a mucosa dos órgãos sexuais, que podem transmitir doenças como o HPV. O vírus é apontado em certas situações como cusador de alguns tipos de tumores, entre eles, o câncer bucal. Nessas situações, o tumor ocorre na parte mais profunda da boca, conhecida como orofaringe.

"O uso de preservativo para sexo oral não é usual. Relaciona-se o uso como meio de prevenir gravidez apenas. A camisinha é o principal meio de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis. As pessoas devem entender que camisinha não deve ser usada só para sexo convencional", explica Tincani.

O especialista lembra ainda que o HPV (papiloma vírus) é também responsável por alguns tipos de câncer no colo de útero nas mulheres. "O preservativo impede o contato da boca com fluidos como o sangue que pode haver na mucosa da vagina e do ânus. Doenças podem ser transmitidas dessa forma e as principais são: o herpes, HIV, HPV e hepatite", disse.Ele lembra que nem só o produto da ejaculação pode transmitir as doenças. "A própria pele do pênis pode conter lesões, feridas como verrugas que podem transmitir", alerta.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa em 2012 era de que 9.990 homens fossem diagnosticados com câncer de boca (não apenas relacionados ao sexo inseguro), e 4.180 mulheres fossem infectadas. A doença na cavidade oral é o quinto mais comum no país para o sexo masculino, segundo o Inca.

O câncer de boca também pode ser resultado de hábitos comuns para algumas pessoas como o uso do tabaco e álcool, além de exposição excessiva ao sol.Luiz Balbino, de 61 anos, há dois faz tratamento contra um câncer de boca no HC da Unicamp. "Fumei cigarro e charuto por 40 anos", lembra o paciente. Balbino só descobriu a doença depois que começou a sentir dores na língua e procurou um médico particular. Hoje, faz radioterapia para tratar a doença. Por causa dela, o paciente só se alimenta de líquidos.

Não há uma forma de medir quantos cigarros por dia podem resultar em um câncer de boca, mas o médico da Unicamp aponta que fumantes inveterados apresentam riscos maiores de doenças pulmonares, vasculares e câncer em vários locais. Quanto mais fumar, mais chance terá. A preocupação dos médicos é com a frequência de casos descoberto já avançados.

O câncer de cavidade oral que se manifesta no lábio é comum em pessoas que ficam expostas ao sol por muito tempo e sem proteção de um filtro solar, ou mesmo de um chapéu. Os trabalhadores rurais são os mais comuns nestes casos.

Ainda não muito comprovado, mas as dentaduras mal posicionadas por muito tempo podem se transformar em um trauma na mucosa da boca e o aparecimento do câncer na gengiva ou no assoalho da boca pode ocorrer. "As dentaduras mal confeccionadas que traumatizam a mucosa da boca, em raras ocasiões podem ocasionar um ferimento crônico e este vir a se transformar em câncer oral", comenta o cirurgião da Unicamp.
O diagnóstico de câncer oral tem sido tardio por várias razões: ora por desconhecimento, ora por negligência e até mesmo negação, segundo os médicos. Muitas vezes, o câncer é confundido com uma simples afta. Todos devem procurar um médico se uma lesão na boca não cicatriza em cerca de quatro a seis semanas. Diagnosticado, o especialista vai direcionar o tratamento correto. Se for inicial, raro de ser visto, será feita uma cirurgia de pequeno porte ou a radioterapia alcançam bons resultados.

Em estágios avançados podem ser usados métodos até agressivos com cirurgias de grandes portes e muitas vezes com a combinação de radioterapia e quimioterapia. Estes procedimentos, segundo a medicina, podem trazer sequelas na fala, deglutição e no convívio social.

Fonte: G1