Para o Dr. Paulo Cesar Souza, da Diretoria Técnica da Amil, é primordial ter a consciência de que Burnout não é natural. Algum tipo de conflito sempre existe, mas Burnout é muito mais do que conflito. "O Burnout se alastra porque nem todos suportam altos níveis de pressão; outro grande desafio é que esta síndrome não é identificada facilmente, muita gente que a tem não se dá conta disso", alerta ele, que se interessou pelo estudo da Síndrome de Burnout ao atuar nos CTIs (Centro de Tratamento Intensivo) de hospitais, áreas com alto nível de pressão.Na opinião do Dr. Paulo Cesar, a pressão pode fazer parte da atividade, mas a dose é a questão, não existindo um nível "razoável" para todos. "Nem todos os colaboradores suportam o mesmo nível de pressão e dão bons resultados; os líderes imaginam que apenas colocando pressão nos colaboradores, vão obter resultado", sintetiza. Na prática, não é o que ocorre.
"Vejo com muita preocupação a questão do Burnout, especialmente porque o cenário de pressões ainda vai se intensificar", argumenta Alfieri Casalecchi, gerente corporativo do Grupo Amil e profissional em constante contato com executivos de organizações de diversos segmentos. Ele considera que os executivos deveriam conhecer melhor seus limites físicos e emocionais. "A repetição do sucesso nos negócios acaba nos passando uma sensação de que somos super-homens ou super-mulheres e, é neste momento, que podemos passar do ponto", justifica Alfieri ao citar exercícios físicos e a vida em família como excelentes soluções para se evitar o Burnout.
Uma medida eficaz para lidar com a questão está na aplicação de questionários, ponto de partida no processo de diagnóstico e da medição do nível de Burnout em um profissional ou em um grupo de profissionais.
Reduzir o excesso de horas de trabalho e a sobrecarga de tarefas nas mãos de uma pessoa só, definir metas, transferir o profissional de setor ou função e aumentar o nível de escuta e respeito aos profissionais são, na análise do Dr. Paulo Cesar, alguns "remédios" que os gestores de pessoas podem oferecer ao ambiente de trabalho para tratar o Burnout.
O suporte da Psicologia é também um caminho eficaz para evitar ou lidar com o Burnout. Motivada pela falta de conhecimento dos profissionais que pesquisavam apenas o estresse, a Drª Maria Fernanda Marcondes, psicóloga-clínica com ênfase na abordagem cognitivo-comportamental, passou em 2004 a estudar e trabalhar com o Burnout. Para tratar esta síndrome pela terapia cognitivo-comportamental, ela utiliza procedimentos que incluem o relaxamento por meio de uma respiração pelo abdômen que melhora a oxigenação do cérebro, entre outros; "afinal, é um dos sintomas do estresse e do Burnout é a respiração curta das pessoas", explica. A Drª Maria Fernanda revela que profissionais com Burnout costumam ter explosões de raiva, mas também podem apresentar apatia, dificuldade para engolir alimentos sólidos, sentimento de solidão, falta de concentração, entre outros sintomas.
"Para lidar com o Burnout trabalho com a respiração da situação que causou a síndrome, o que possibilita à pessoa ter uma nova visão do mundo, pois pensamentos adequados geram comportamentos adequados", esclarece. Por meio da ressignificação, quando o significado se modifica, as respostas e comportamentos da pessoa também se modificam.
Precisamos ser mais pró-ativos, segundo asseguram os Drs. Paulo Cesar e Maria Fernanda. EUA e Europa, por exemplo, tratam do tema motivados por uma forte preocupação: o Burnout está gerando perda de talentos às organizações locais. No Japão, o Burnout é caso de saúde pública, pois as autoridades locais já tomaram consciência de que esta é causa da maioria dos suicídios.
"Seria muito mais econômico atuar na prevenção do problema do que gastar com o afastamento de funcionários", argumenta a Drª. Maria Fernanda. Na visão do Dr. Paulo Cesar, é vital que os Rhs sensibilizem seus líderes para o fato de que a Síndrome de Burnout atinge a raiz do negócios das empresas: suas melhores pessoas.
Acesse www.abrhrj.org.br e preencha um mini-questionário capaz de identificar tendências de Burnout.
Fonte: ABRH-RJ