O Alzheimer é uma doença incurável, mas que tem tratamento. Ele é instalado no organismo quando as proteínas do sistema nervoso central não são processadas corretamente. Além da dificuldade com a perda da memória recente, também acontecem alterações neuropsiquiátricas, como problemas no sono, apatia, sintomas depressivos. Os tratamentos são utilizados para preservar as funções intelectuais do paciente, retardar a evolução da doença e assim proporcionar conforto e qualidade de vida para quem tem Alzheimer.
O estágio inicial da doença é caracterizado por leves alterações de memória e nas habilidades visuais do paciente. Na fase moderada, começam algumas dificuldades para falar e para realizar movimentos e tarefas simples. Já o estágio considerado grave acontece quando o paciente mostra resistência para realizar tarefas rotineiras, presença de mutismo (ausência de linguagem voluntária ou não) e há nítida deficiência motora, que é progressiva.
Por recomendação médica, é necessário ter um acompanhamento do progresso da doença, para que os sintomas sejam avaliados e assim, verificar se o tratamento dá ou não resultados em cada paciente.
Segundo a Coordenadora da Área Técnica de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Maria Cristina Hoffman, o rastreamento para a descoberta da doença deve incluir avaliação de depressão e exames de laboratório. “É muito importante que, durante as avaliações de acompanhamento, em especial às pessoas idosas, realizadas pelos profissionais das unidades básicas sejam iniciadas também as investigações, lançando mão de encaminhamentos para outros pontos de atenção com vistas ao aprofundamento da avaliação, quando necessário”, afirma a coordenadora.
Ainda de acordo com Hoffman, a identificação da presença de déficits em duas ou mais áreas cognitivas, síndrome demencial e piora progressiva da memória, entre outros, são critérios de provável Alzheimer e devem ser investigados e diagnosticados.
Para o Coordenador do Programa de Cinesioterapia Funcional e Cognitiva para Idosos com Doença de Alzheimer – PRO-CDA da Unesp-Rio Claro, o médico e professor José Luiz Riani, a prática de exercícios físicos regulares pode ajudar no tratamento do Alzheimer e na diminuição de alterações neuropsiquiátricas. Já para quem não têm a doença, os exercícios físicos podem retardar em até 50% o seu desenvolvimento.
Fatores de risco - A idade é um dos principais fatores de risco para o Alzheimer. A partir dos 65 anos de idade, a tendência a ter a doença é grande. Já depois dos 85 anos de idade, o Alzheimer atinge de 30 a 40% da população. Segundo o médico e pesquisador José Riani, o diagnóstico precoce é essencial para que o tratamento seja iniciado o quanto antes.
Não foram descobertas ainda as causas da doença, mas sabe-se que há um maior risco em pessoas que tenham histórico familiar de Alzheimer ou outras doenças chamadas demências neurodegenerativas. Sendo assim, quem já teve casos de demência ou problemas neurológicos na família deve ficar atento e realizar exames preventivos.
De acordo com a Área Técnica de Saúde do Idoso, estudos mostram que a porcentagem de Doença de Alzheimer duplica a cada cinco anos, a partir dos 65 anos de idade. Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), existe aumento da prevalência da doença em mulheres, o que pode ser atribuído ao fato de que elas vivem mais que os homens. Pessoas com síndrome de Down também têm mais chances de serem acometidos pelo Alzheimer.
Os cuidados com o paciente - A servidora pública Andreia Melo* não sabe dizer quando sua mãe teve os primeiros sinais de Alzheimer. Em 2005, a família notou alguns comportamentos estranhos. Mas apenas em 2007, quando Rosa* e o marido sofreram um acidente de carro e procuraram atendimento hospitalar, a doença foi diagnosticada, após diversos exames.
A filha conta que Rosa é acompanhada por geriatras desde 2007, utiliza medicamentos diários e também realiza diversas atividades que preenchem sua rotina. Rosa faz oficina de pintura e canto, já participou de um SPA, faz fisioterapia duas vezes por semana e acupuntura.
Andreia conta que a mãe, hoje com 81 anos, se locomove bem, mas é acompanhada diariamente nas refeições, no banho, nos remédios e com entretenimento durante o dia. “Ela faz caligrafia, cobre desenhos pontilhados com boa coordenação motora, folheia revistas e faz quebra-cabeças”, relata a filha. Rosa só não pode ficar sozinha, “senão faz arte, como uma vez que abriu a porta e foi encontrada no corredor”, completa Andreia.
Segundo Riani, além de atividades cognitivas como o canto, pintura e trabalhos manuais, é importante incentivar a prática de exercícios físicos como musculação, caminhada, dança, aeróbicas, bicicleta e outros. Para ele, “é importante adequar à rotina do idoso alguma atividade que ele se sinta bem, que esteja apto e sempre acompanhado de um profissional”.
O médico informa, ainda, que o uso regular de atividades físicas faz com que haja também a prevenção de quedas e machucados, que caso aconteçam, podem contribuir para o progresso da doença e atrapalhar a melhora com os tratamentos.
O Projeto de Extensão desenvolvido no Departamento de Educação Física da Unesp-Rio Claro, coordenado pelo médico José Riani, envolve uma equipe multidisciplinar com profissionais das áreas de Medicina, Fisioterapia, Psicologia e Educação Física em pesquisas sobre Alzheimer e outras doenças.
O Sistema Único de Saúde disponibiliza medicamentos para o tratamento de Alzheimer. Para dispensação dos medicamentos, é necessário seguir orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Doença de Alzheimer (PTSAS 491 de 2010). A coordenadora Hoffman destaca que o tratamento deve ser multidisciplinar, para que na avaliação seja possível identificar se a demência é por doença de Alzheimer ou decorrente de outras patologias.
* Nomes fictícios. Os nomes foram modificados a pedido das personagens.
(Kathlen Amado / Blog da Saúde)