segunda-feira, 5 de maio de 2014

Exercícios intensos prejudicam saúde do coração? Especialistas discordam

Uma pesquisa publicada em abril na revista “Health Day” por pesquisadores da Pensilvânia, Estados Unidos, causou polêmica no meio científico e gerou uma discussão entre vários especialistas. Segundo a pesquisa, correr demais pode levar à morte prematura. Os resultados da pesquisa sugerem que as pessoas que vivem mais são as que fazem exercício moderadamente, e que correr muito ou nada seria capaz de encurtar a expectativa de vida. Uma das sugestões que o estudo apresenta é a de que a prática de atividades mais intensas poderia trazer prejuízo à saúde do coração.

Na realidade, este estudo contradiz um verdadeiro consenso baseado em diversas evidências científicas, segundo as quais a prática da corrida e a participação em provas longas não causam nenhum prejuízo à saúde, pelo contrário, até aumentam a expectativa de vida.

Um dos especialistas que comentou a publicação foi o cardiologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Dr. Claudio Gil Araujo, que, assim como vários outros profissionais, discorda do resultado da pesquisa. Ele acredita que o estudo é carente em fundamentação por não avaliar adequadamente os indicadores de sobrevida.

O estudo também se contrapõe a pesquisas recentes como a apresentada na Sessão Científica Anual da Sociedade Americana de Cardiologia no último mês de março, que concluiu que corridas de longa distância ajudam a proteger o coração.

Existe praticamente um consenso de que a hipótese de exercícios mais intensos prejudicarem o coração é absolutamente infundada. A natureza proporciona um fator de proteção ao coração na vulnerabilidade do aparelho locomotor. Quando um praticante de atividades físicas começa a exagerar na intensidade ou na duração do exercício, eventualmente ameaçando a saúde do coração, invariavelmente começa a aparecer algum problema do aparelho locomotor que acaba limitando a continuidade do exercício em excesso. É o caso das tendinites, problemas articulares, e outras tantas manifestações de sobrecarga.

Podemos dizer que o aparelho locomotor protege o coração por ter um limiar de vulnerabilidade que sinaliza em caso de excesso. Segundo o Dr. Claudio Gil, não existem na literatura evidências formais e conclusivas de que se pode danificar de forma definitiva o coração por praticar exercícios, mesmo que vigorosos e prolongados. O que a ciência de fato comprova é que ser sedentário encurta a expectativa de vida!

(Turibio Barros, Eu Saúde)