Exclusão. Essa era a palavra que definia a vida de José Alves da Costa até 16 anos atrás. Porém, sua história começou a mudar no primeiro dia que frequentou a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Toledo. Hoje, com 36 anos, sabe exatamente o significado de uma expressão quase antônima ao que era sua realidade: a igualdade. “Hoje faço tudo o que outros fazem. Eu estudo, faço estopa. Tenho amigos e uma vida melhor. Estou muito feliz, é muito bom”, relata.
Pessoas como José são a principal motivação da Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, promovida pela Federação Nacional das Apaes de 21 a 28 de agosto. Com o tema “Construindo uma história de igualdade de oportunidades para todos! Apae Brasil: 60 anos fazendo inclusão!”, a edição deste ano objetiva promover reflexões sobre o significado da igualdade na perspectiva e no campo dos direitos e o compromisso das Apaes nesta luta.
De acordo com a Federação, tudo que é oportuno para uns, deve ser oportuno para todos, na medida de suas necessidades e especificidades. Ou seja, independentemente da deficiência ou dos comprometimentos dela decorrentes, nenhum direito ou oportunidade deve ser negado a ninguém. A entidade entende que na realidade isso ainda não ocorre e a discriminação ainda de manifesta, inclusive por causa das condições de deficiência.
Antigamente a situação era muito pior, as pessoas com deficiência viveram ao longo dos anos momentos de impossibilidade de garantia desses direitos e oportunidades. Algumas ações deram início a um processo de maior inclusão social, entre elas a organização da rede apaena em todo o Brasil, iniciada em 1.954.
Fruto da iniciativa de pais e profissionais que se mobilizaram para reivindicar cidadania plena às pessoas com deficiência, as Apaes atuam até hoje como mantenedoras de escolas especiais, centros de atendimento educacional especializado, ou unidades de saúde, orientação e apoio às famílias e defesa de direitos.
A campanha da Semana este ano enaltece justamente a história e trabalho dessas associações, presentes em 2.100 municípios com atendimento em média a 250 mil pessoas com deficiência intelectual e múltipla. Com ações em diversas áreas, as Apaes garantem melhor qualidade de vida, autonomia, atenção integral e integrada em todo o ciclo da vida e inclusão social aos deficientes.
Em Toledo, José é uma das 293 pessoas atendidas, mas representa o sentimento geral pela instituição. “Adoro isso aqui, me faz mais feliz. Antes nunca tinha frequentado uma escola, hoje leio, escrevo, faço um monte de coisa. Tenho uma vida melhor”, avalia ao reconhecer as ações desenvolvidas.
Para mostrar um pouco desse trabalho, a Apae de Toledo também realiza atividades em alusão à Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A diretora Lucimar Recalcatti Vieira revela que objetivo principal é debater sobre o tema entre os alunos, familiares e também toda a sociedade.
No primeiro dia, ontem (21) foram realizadas palestra para os alunos sobre orientação sexual, sexualidade, higiene e bem estar no período da manhã e tarde. Até o dia 28 será distribuído o Manual dos Direitos das Pessoas com Deficiência para as famílias dos alunos e haverá a exposição de dos trabalhos dos alunos no hall de entrada da Escola Bem-Me-Quer e outra dos trabalhos de artes visuais dos alunos da Educação de Jovens e Adultos na agência centro do Banco do Brasil. A programação, que também conta com atividades internas diferenciadas para os alunos, encerra dia 28 com mais uma palestra para sobre relacionamento interpessoal escola, família e comunidade.
De acordo com o Censo IBGE 2000, o Brasil tem 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que equivale a 14,5% da população do País. Dessas, 48,1% foram declaradas deficientes visuais, 22,9% com deficiência motora, 16,7% com deficiência auditiva, 8,3% com deficiência mental e 4,1% com deficiência física.
(Apae)