quarta-feira, 13 de outubro de 2010

“Wikipedia científica” ajuda a criar remédio contra barriga d’água

A esquistossomose, popularmente conhecida como barriga-d’água, é uma das doenças mais negligenciadas no mundo. Isso acontece porque ela normalmente afeta populações de países pobres que têm pouco dinheiro para investir em pesquisas científicas ou pouco dinheiro para pagar por remédios patenteados e caros. O químico australiano Matthew Tod, da Universidade de Sidney, pretende acabar com esse problema. Ele está lançando um projeto de ciência colaborativa - mais ou menos parecido com o que fazemos com a Wikipedia, mas incluindo resultados de pesquisas - para desenvolver remédios mais baratos e potentes contra a doença.
Todd namorava a ideia desde de 2006, mas ela só se tornou possível depois que ele ganhou, em janeiro, uma bolsa de 400 mil dólares australianos para financiar o projeto - 75 mil doação Organização Mundial da Saúde e o restante do governo da Austrália. “Eu percebi que nós não conseguiríamos resolver esse problema sozinhos”, conta Todd. Ele imaginou, então, que um projeto aberto à colaboração poderia reunir a sabedoria humana e os laboratórios necessários.
“A intenção é que meu projeto seja um núcleo ao qual qualquer um possa acrescentar (as conclusões de seus estudos)”, diz Todd. Todos os resultados serão publicados em tempo real no site do projeto, totalmente livres de direitos autorais. Ele espera que muitos cientistas participem do projeto - e, quem sabe, que a iniciativa se torne exemplo de ciência colaborativa, um conceito que tem demorado muito a se desenvolver no mundo. O site do grupo de pesquisas de Todd pode ser acessado clicando aqui.
A doença, que é transmitida por caramujos de água doce, afeta 200 milhões de pessoas na África, Ásia e Latino América. Em sua fase aguda (a mais comum), a doença se manifesta por meio de vermelhidão e coceira na pele, febre, fraqueza, náusea e vômito. O indivíduo pode, também, ter diarréias. Já na fase crônica, o fígado e baço aumentam de tamanho e podem acontecer hemorragias internas, com liberação de sangue em vômitos e fezes e inchaço da barriga - daí vem o termo barriga d’água.
A Organização Mundial da Saúde estima que os remédios produzidos hoje para a esquistossomose atendem apenas a 10% da demanda mundial.


Fonte: Revista Galileu