Estudos publicados na revista Philosophical Transactions of the Royal Society levantam a discussão sobre como alterações climáticas podem induzir erupções vulcânicas e outros riscos geológicos, como terremotos e deslizamentos de terra. Entre os problemas que os estudos relacionam com o aquecimento global estão: derretimento dos picos das montanhas, aumento das atividades sísmicas diluindo os depósitos de gelo e aliviando a pressão em algumas partes do mundo e aumentando em outras, e produção de magma sendo impulsionada por mudanças de pressão nos vulcões subglaciais, como os da Islândia.
Esse fenômeno chama agora a atenção mundial por causa da nuvem de cinzas do vulcão Eyjafjallajökull, que paralisou o tráfego aéreo em toda a Europa no ano passado. A redução da carga de gelo no topo dos vulcões alivia a pressão sobre as câmaras de magma, permitindo a fusão e aumentando a descompressão de rochas derretidas, segundo escreveu um grupo de pesquisadores, com base em observações e em modelos da Islândia. O principal autor do estudo, Freysteinn Sigmundsson, da Universidade da Islândia, disse à Reuters que a última erupção não parece ser causada pelo clima. "Acreditamos que a redução do gelo não foi importante no desencadeamento dessa nova erupção", diz ele. Segundo os autores, qualquer magma adicional produzido como resultado de cargas de gelo derretido pode levar décadas ou até mesmo séculos para chegar à superfície.
As mudanças de pressão devido ao derretimento poderiam também ocasionar mais terremotos. Como os depósitos de gelo no Ártico crescem menos, essas massas causam menos pressão, aumentam os níveis do mar e a pressão em regiões costeiras em todo o mundo. A sobreposição de camadas, segundo Bill McGuire, da University College London, "pode ser suficiente para provocar uma resposta geosférica". Nos últimos períodos pós-glaciais, observou McGuire, o derretimento dos mantos de gelo parece ter desencadeado uma grande atividade sísmica, como seções da crosta anteriormente oneradas pelo aumento do gelo em um processo conhecido como recuperação isostática.
Em outro relato do estudo, Christian Huggel, da Universidade de Zurique, e seus colegas, observaram falhas de inclinação recentes no Alasca, nos Alpes europeus e na Nova Zelândia, e constataram que "todas as falhas foram precedidas por períodos muito quentes". Nas próximas décadas modelos preveem que os períodos quentes nos Alpes suíços aumentam a freqüência de 1,5 a 4 vezes, ou possivelmente mais, o que poderia resultar em um aumento de avalanches locais.
Fonte: Wikimedia