segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Introdução à proteção passiva contra incêndios

Sérgio Roberto Santos

Dos três critérios utilizados para o dimensionamento de condutores elétricos, dois estão diretamente ligados à geração de calor pela corrente elétrica percorrendo o condutor.
Os critérios de condução de corrente e de curto-circuito procuram evitar o aumento de temperatura no condutor, através de uma relação apropriada entre a seção de condução e a intensidade da corrente, evitando danos ao condutor, e se existirem, o isolamento e a cobertura.
A temperatura é um dos principais fatores associados à eletricidade e a sua importância para as instalações elétricas não deve passar despercebida.

O aquecimento de cabos, motores, transformadores, etc., são limitações ao seu desempenho e estão considerados nas suas tabelas de dimensionamento. A melhoria no rendimento de uma instalação, entendida aqui como a melhora do desempenho de cada um de seus componentes, é obtida, em grande parte, graças ao desenvolvimento de materiais que suportam maiores temperaturas e projetos de equipamento com maior eficiência na troca de calor com o ambiente em que se encontram.
Ainda hoje existem profissionais que condenam um cabo ou querem trocar um motor, simplesmente porque ao tocar sua superfície, identificam que "Ela está muito quente", sem conhecer que o investimento na tecnologia dos materiais permitiu a fabricação de produtos que suportam temperaturas muito superiores àquelas que o contato do corpo humano poderia permitir. Mas este progresso não diminuiu a importância do aumento da temperatura e a produção de calor, no dimensionamento de circuitos elétricos.

A eletricidade é uma das principais causas de incêndios, o que por si só justificaria os cuidados com medidas necessárias para a sua prevenção. Mas além da eletricidade como causa do incêndio, a própria instalação elétrica permite que a presença de fogo seja mais letal e cause maiores prejuízos materiais.

Os cabos e sua infraestrutura se estendem por toda edificação, ultrapassando andares e corredores, adentrando salas, originado assim um caminho muitas vezes não previsto para que locais aparentemente protegidos por medidas de compartimentação, sejam alcançados. Muitos ambientes são atingidos pelo fogo que se alastrou pelos próprios cabos, principalmente porque um bom condutor de eletricidade é também um bom condutor de calor.
Talvez mais surpreendente para alguns seja o fato do grande numero de pessoas que morrem em incêndios não por queimaduras, mas asfixiadas pela presença de gases tóxicos que alcançaram ambientes não atingidos pelo fogo, mas sim pela fumaça.

Por isso é necessário estender aos já tradicionais cuidados na prevenção de incêndios causados por eletricidade, medidas de proteção passiva contra incêndios, eficazes para evitar que gases tóxicos e o próprio calor, consigam se propagar através da infraestrutura de uma instalação.

Fonte: Abracopel.