Fazer obras sem um projeto elétrico ainda é prática comum no Brasil. Pesquisa mostra que oito em cada 10 casas recém-construídas não seguem as normas de segurança obrigatórias.
Para traçar um perfil do consumidor de materiais de construção civil, seus hábitos, sua forma de interpretar os passos de uma construção e sua visão sobre segurança em instalações elétricas, o Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre) realizou o Mapa da Construção.O resultado do trabalho revelou um dado alarmante: 80% das casas recém-construídas não têm aterramento adequado e não atendem as normas de segurança nas instalações elétricas. A pesquisa é uma iniciativa do Programa Casa Segura, criado em 2005.
O projeto de conscientização e orientação sobre os riscos de acidentes causados por instalações elétricas inadequadas e seu impacto no consumo excessivo de energia, na desvalorização das edificações e na segurança dos imóveis foi tão bem-sucedido que já se espalhou para outros países, como Argentina, Chile, México e Peru.
O projeto de conscientização e orientação sobre os riscos de acidentes causados por instalações elétricas inadequadas e seu impacto no consumo excessivo de energia, na desvalorização das edificações e na segurança dos imóveis foi tão bem-sucedido que já se espalhou para outros países, como Argentina, Chile, México e Peru.
O levantamento, feito em junho de 2010, revelou que o mercado de materiais para construção está nas mãos dos pequenos consumidores. Esse resultado foi obtido depois de entrevistas realizadas com 300 donos de casas recém-construídas (de dois anos para cá) na Grande São Paulo e ABC, como conta a coordenadora de marketing do Procobre, Milena Guirão Prado. “O estudo teve abordagem quantitativa por meio de entrevistas individuais com homens e mulheres entre 25 e 65 anos, pertencentes às classes A, B e C.”
O desenvolvimento da pesquisa surgiu da necessidade de averiguar o comportamento do consumidor em relação às instalações elétricas residenciais. Segundo Milena, nos últimos 10 anos o Procobre acompanhou a evolução do cumprimento da norma de instalação elétrica de baixa tensão (NBR 5410) em obras da construção industrializada vertical, que representa 20% do mercado da construção civil. “Mas, e as instalações elétricas de residências do mercado de autoconstrução? Foi quando decidimos realizar a pesquisa.”
O levantamento constatou, ainda, que 53%dos entrevistados não tinham projeto elétrico. Como justificativa,eles apontaram o preço elevado para realizá-lo.“É importante ressaltar que não se deve confundir o projeto da casa com os projetos específicos, tais como o elétrico e o hidráulico, extremamente importantes. São eles que vão auxiliar o dono do imóvel a entender onde estão os conduítes de energia, a quantidade exata de tomadas, a carga de energia instalada, garantindo, assim, que a norma de instalação elétrica foi seguida e que sua instalação é segura”, explica Milena.
Além disto, em caso de reforma,o projeto elétrico facilita e agiliza o trabalho, assegurando um resultado mais satisfatório.“Onde se faz necessária uma manutenção da instalação, tal como o aumento de tomadas, exigindo o redimensionamento da instalação, por meio do projeto o profissional habilitado fará o trabalho de maneira mais correta e segura”, observa a coordenadora de marketing do Procobre.
Apesar de a pesquisa ter sido feita em São Paulo, no Brasil a situação não é diferente, como afirma a engenheira civil Cláudia Deslandes. Ela também aponta a economia como principal fator para a não realização do projeto elétrico por parte dos consumidores. “Geralmente, em construções de casas, o dono administra de perto os custos.Comparando o valor de um projeto elétrico elaborado por profissional capacitado e habilitado e as orientações de um eletricista que ‘resolve’ tudo na obra por ter muita experiência, é obvio que o custo do projeto elétrico é mais caro.”
De acordo com o doutor em engenharia elétrica pelaUFMG, professor do Departamento de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação da PUC-Minas e diretor da Kascher Engenharia, Ronaldo Kascher Moreira, as pessoas não compreendem o retorno de um bom projeto. “Em geral, os consumidores não técnicos (que é a maioria no mercado residencial) qualificam o projeto como compra de ‘papel’, não valorizando o know-how e o retorno que poderiam ter,tanto no aspecto de segurança como no de consumo de energia alongo prazo.”
Cláudia Deslandes explica que é o projeto que mostra todas as diretrizes para a execução correta das instalações elétricas,de acordo com as normas técnicas e regulamentadoras.“ As normas técnicas brasileiras são elaboradas para que produtos e instalações tenham um padrão mínimo de qualidade e segurança. A NBR5410, que trata de instalações elétricas de baixa tensão (até 1000V), tem um item dedicado aos locais de habitação,casas ou edifícios residenciais. ”
Fonte: ABRACOPEL
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