sexta-feira, 22 de março de 2013

Como elaborar um Mapa de Riscos

O mapa de riscos é uma representação dos problemas potenciais à saúde que existem no ambiente de trabalho. Essa técnica de apresentação dos riscos foi desenvolvida há cerca de 30 anos pelos trabalhadores italianos. 


Para elaborar um mapa, os trabalhadores devem seguir alguns procedimentos, como, por exemplo, fazer um reconhecimento de todos os ambientes de trabalho do estabelecimento; saber o que é feito, como e quanto é feito em cada local de trabalho. Depois, devem fazer uma representação, como a planta de uma casa, dos diversos locais de trabalho. Além disso, os trabalhadores devem listar todos os materiais, equipamentos, ferramentas e utensílios utilizados na execução das tarefas realizadas em cada local representado em planta e relacionar todos os riscos existentes.

Para a representação gráfica dos riscos existentes nos locais de trabalho, são utilizados círculos de diferentes tamanhos e cores. O seu objetivo é informar e conscientizar os trabalhadores pela fácil visualização desses riscos. É um instrumento que pode ajudar a diminuir a ocorrência de acidentes do trabalho. Objetivo que interessa a companhia e seus funcionários, uma vez que estabelece o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho na empresa.

Objetiva, ainda, possibilitar, durante sua elaboração, a troca e a divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.
Como resultados finais, deve-se esperar dos Mapas de Riscos:
  1. Informar sobre as áreas sujeitas e riscos de acidentes na empresa;
  2. Conscientizar os empregadores e empregados sobre a necessidade de se diminuírem os graus de riscos, ou elimina-los em determinadas áreas da empresa;
  3. Alertar para necessidade da adoção de medidas de proteção nas áreas onde os riscos não podem ser eliminados;
  4. Induzir o estabelecimento de metas e prioridades para a prevenção de acidentes;
  5. Reduzir os riscos e doenças nos locais de trabalho.

O mapa de riscos deve ser feito obrigatoriamente nas empresas que possuem CIPAS, segundo a portaria nº 05 de 17 de agosto de 1992, do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, da Secretaria Nacional do Trabalho e da Administração. A íntegra dessa portaria foi publicada no Diário Oficial da União de 20 de agosto do mesmo ano.

O mapa de risco é feito pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, após ouvir os trabalhadores de todos os setores e com a colaboração do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT.

Vejamos como a CIPA pode construir esse mapa
É importante ter uma planta do local, mas, se não houver condições de se conseguir, isto não deverá ser um obstáculo: faz-se um desenho simplificado, um esquema ou croqui do local.

A CIPA deve se familiarizar com a tabela a seguir, que classifica os riscos de acidente do trabalho. Nessa tabela – que faz parte dos anexos da Portaria Ministerial – há cinco tipos de riscos que corresponderão a cinco cores diferentes no mapa.

Após o estudo dos tipos de risco, identificam-se as diversas áreas de acordo com suas atividades. Geralmente isso corresponde as diferenças de seções da empresa. Essa divisão facilitará a identificação dos riscos de acidentes do trabalho. Em seguida o grupo deverá percorrer as áreas a serem mapeadas, com lápis e papel na mão, ouvindo as pessoas acerca de situações de riscos de acidentes do trabalho.

Sobre esse assunto, é importante perguntar aos demais trabalhadores o que incomoda e quanto incomoda, pois isso será importante marcar, para fazer o mapa.
Também é preciso marcar os locais dos riscos informados em cada área.
Nesse momento, não se deve ter a preocupação de classificar os riscos. O importante é anotar o que existe e marcar o lugar certo. O grau e o tipo de risco serão identificados depois.
A Legislação em sua última redação, estabelece as seguintes etapas para a sua elaboração:

a) Conhecer o processo de trabalho no local analisado:
  • os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamento, profissionais e de segurança e saúde, jornada;
  • os instrumentos e materiais de trabalho;
  • as atividades exercidas;
  • o ambiente.

A fim de facilitar a elaboração do mapa, os riscos ocupacionais são distribuídos em grupos de fatores de risco:



b) Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia:
  • medidas de proteção coletiva;
  • medidas de organização do trabalho;
  • medidas de proteção individual;
  • medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer.

c) Identificar os indicadores de saúde:
  • queixas mais freqüentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos;acidentes de trabalhos ocorridos;
  • doenças profissionais diagnosticadas;
  • causas mais frequentes de ausência de trabalho.
d) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.

Com as informações anotadas, a CIPA deve fazer uma reunião para examinar cada risco identificado na visita à área ou setor.
Nesta fase, faz-se a classificação dos perigos existentes conforme o tipo de agente (tabela anterior).

Também se determina o grau (tamanho): pequeno, médio ou grande.
Depois disso é que se começa a colocar os círculos na planta ou croqui para representar os riscos.

Os riscos são caracterizados graficamente por cores e círculos.
O tamanho do círculo representa o grau de risco.

Os círculos podem ser desenhados ou colados. O importante é que os tamanhos e as cores correspondam aos graus e tipos. Cada círculo deve ser colocado naquela parte do mapa que corresponde ao lugar onde existe o problema.

Caso existam, num mesmo ponto de uma seção diversos riscos de um só tipo – por exemplo, riscos físicos: ruído, vibração e calor – não é preciso colocar um círculo para cada um desses agentes. Basta um círculo apenas – neste exemplo, com a cor verde dos riscos físicos, desde que os riscos tenham o mesmo grau de nocividade.

Uma outra situação é a existência de riscos de tipos diferentes num mesmo ponto.Neste caso, divide-se o círculo conforme a quantidade de riscos – 2, 3, 4 e até 5 partes iguais, cada parte com sua respectiva cor, conforme a figura abaixo (este procedimento é chamado de critério de incidência):

  


Quando um risco afeta a seção inteira – exemplo: ruído – uma forma de representar isso no mapa é colocá-lo no meio do setor e acrescentar setas nas bordas, indicando que aquele problema se espalha pela área toda. Veja como fica.





Pela Legislação, deve-se elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando através de círculos:
  • O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada;
  • O número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro do círculo;
  • A especificação do agente (por exemplo: químico – sílica, hexano, ácido clorídrico ou ergonômico – repetitividade, ritmo excessivo), que deve ser anotada também dentro do círculo.
  • A intensidade, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferente de círculo.
  •  Após discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Risco, completo ou setorial deverá ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores.
Caso se constate a necessidade de medidas corretivas nos locais de trabalho, o gerente da unidade definirá a data e o prazo para providenciar as alterações propostas, através de negociação com os membros da CIPA e do SESMT. Tais datas deverão ficar registradas no livro de atas da CIPA.
O Mapa de Riscos deve ficar em local visível para alertar as pessoas que ali trabalham, sobre os riscos de acidentes em cada ponto marcado com os círculos.
O objetivo final do Mapa é conscientizar sobre os riscos e contribuir para eliminá-los, reduzi-los ou controlá-los. Graficamente, isso significa a eliminação ou diminuição do tamanho/quantidade dos círculos. Também podem ser acrescentados novos círculos, por exemplo quando se começa um novo processo se constrói uma nova seção na empresa ou se descobre perigos que não foram encontrados quando se fez o primeiro Mapa.
O Mapa, portanto é dinâmico. Os círculos mudam de tamanho, desaparecem ou surgem. Ele deve ser revisado quando houver modificações importantes que alterem a representação gráfica (círculos) ou no mínimo de ano em ano, a cada nova gestão da CIPA.

  






Fonte: Portal Trabalho Seguro
Saiba mais: NR 5 , Cartilha SESI - SEBRAE