terça-feira, 27 de agosto de 2013

Engenheiro diz que trânsito do Rio vai parar em 2022

“É devagar. É devagar. É devagar. É devagar, devagarinho”. A letra do samba imortalizado por Martinho da Vila cai como uma luva no trânsito do Rio. O ritmo é lento e exige paciência dos motoristas para cruzar os bolsões de congestionamento, comuns nas principais vias da cidade. Como tudo que é ruim ainda pode piorar, o engenheiro de transportes Fernando MacDowell prevê que a cidade pode parar até 2022.

— Isso, se repetir o crescimento do volume do tráfego verificado entre 2003 a 2011, que foi de 50,6%, e não forem feitos mais investimentos em transportes públicos, principalmente, sobre trilhos, para estimular o carioca a deixar o carro na garagem — alerta o especialista, que é professor da UFRJ e da PUC-Rio.

MacDowell recorre a estudo que fez há dois anos para ilustrar a previsão, tomando por base a Avenida Brasil. Os dados coletados por ele na época mostravam que, em 2003, a via, um dos principais corredores viários da cidade, ficava congestionada durante 639 horas por ano, número que subiu em 2011 para 1.939 horas/ano. O engenheiro de transportes projeta para 2022 cerca de 4 mil horas anuais de engarrafamento. Como o ano tem 8.760 horas, seria como se o carioca passasse metade de 2022 parado no trânsito.

Não é preciso esperar nove anos para experimentar um tráfego a passos de tartaruga. A CET-Rio mapeou os dez trechos mais lentos da cidade. Andar a 15km/h em média, de carro ou de ônibus pela Avenida Presidente Vargas no fim do dia, da Central à Praça da Bandeira, pode dar uma ideia do que o futuro reserva para o Rio.

Quem, por força da profissão, precisa circular de carro pela cidade, sabe que, hoje em dia, tempo nem sempre é dinheiro. Das 24 horas do dia, o técnico gasista Marcelo Moreno, de 29 anos, passa ao menos cinco retido no tráfego. Ele perde dinheiro, mas não a cabeça:

— Já dispensei clientes por conta dos engarrafamentos. O trânsito é eu maior inimigo.

Fonte: Extra