terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pesquisa descreve o trabalho do enfermeiro de pronto-socorro

A pesquisa conduzida pela psicóloga da Fundacentro, Tereza Luiza Ferreira dos Santos, alerta para uma doença silenciosa e subjetiva: o sofrimento psíquico no exercício da profissão. Em 2008, o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de SP firmou com a entidade Protocolo de Intenções de Cooperação Técnica para levantar quais os problemas de saúde que afetavam enfermeiros de pronto-socorro da rede pública e privada.

Um dos principais pontos destacados pelo Sindicato eram as queixas constantes de seus associados, de assédio moral por parte de seus superiores e outras formas de violência ocupacional no desenvolvimento da atividade, além do assédio sexual de pacientes.

A metodologia utilizada por Tereza para avaliar esses trabalhadores foi uma abordagem qualitativa, caracterizada pela diversidade de técnicas que tinham como função proporcionar especialmente a compreensão de afetos, sentimentos, vivências, emoções no ambiente de trabalho, identificadas a partir da realização de entrevistas individuais e em grupo, e observação do enfermeiro durante o exercício da atividade realizada em unidades de pronto-socorro da cidade de São Paulo.

A pesquisa, finalizada em 2012 e tema de livro a partir de 2014, aponta que o ambiente de trabalho dos enfermeiros se caracteriza pela necessidade de rapidez, normalmente exercida sob pressão, e ainda agilidade na tomada de decisões, que muitas vezes requer raciocínio rápido.

Trabalhadores desse ramo de atividade também estão expostos a acidentes com instrumentos perfurocortantes, luxações, contaminação biológica, problemas de pele, respiratório, nervoso, neurológico, entre outros.

Além da responsabilidade em lidar com o cotidiano agitado dos prontos-socorros, os trabalhadores da enfermagem enfrentam diferentes demandas associadas aos horários de pico que podem variar de acordo com os meses do ano. A checagem dos equipamentos e materiais usados por esses profissionais também faz parte da responsabilidade e necessita de orientação e supervisão do enfermeiro.

O ritmo acelerado, a falta de gestão, humilhações, perseguições, agressões verbais e em muitas vezes até físicas, levam o profissional ao isolamento e ao sofrimento mental e físico, que por sua vez, se desdobram em sintomas e distúrbios característicos da violência laboral.

Para Tereza Ferreira faltam na literatura estudos com este profissional - enfermeiros de pronto-socorro - e sua relação com o tema Burnout, termo que define o esgotamento físico e mental no trabalho. A psicóloga defende a implementação de políticas publicas para a atividade do enfermeiro, tais como, estrutura física adequada do pronto-socorro, atentar para escalas de plantão, jornada e divisão de trabalho, entre outras.

Para download da pesquisa intitulada "O trabalho do enfermeiro de pronto-socorro", sob coordenação e autoria de Tereza Luiza Ferreira dos Santos, clique aqui.

Fonte: Fundacentro
Ilustração: Reprodução - Fundacentro