A coleta seletiva é a primeira resposta que vem à mente. Mas, empresas de diversos setores têm, cada vez mais, disponibilizado coletores nas lojas ou em assistências técnicas para que os clientes depositem materiais que demoram a se decompor.
A ambientalista e presidente do Instituto Gea, ONG que dá orientações sobre o que pode ser reciclado e como implantar a reciclagem em um condomínio, Ana Maria Domingues Luz, lembra, no entanto, que, além de pensar no que vai fazer com o que será descartado, o consumidor deve tentar reduzir a quantidade de lixo que produz. Ela ressalta que ações simples no dia a dia, como comprar produtos em embalagens maiores ao invés de mais unidades de recipientes menores, surtem grande efeito:
- Não nos damos conta de como isso pode ser aplicado na prática. Mas, por exemplo, o vendedor da banca geralmente coloca a revista, que já vem embalada, em um saquinho, que não serve para nada depois. Você aceita porque ele te deu, mas é possível colocar a revista dentro da bolsa e dispensar o saco. Muitas vezes, isso é confundido como um bom serviço, quando na verdade não é. O mesmo acontece com as lojas que vendem roupas mais finas e costumam passar o papel de seda em cada produto, mesmo que não seja uma embalagem para presente. Isso é desnecessário, mas a gente deixa. É preciso que as clientes comecem a negar o serviço para mudar a cultura das lojas - explicou Maria Domingues.
A reutilização é um segundo passo para a redução da quantidade de lixo. Em casa, em caso de sobras de comida, o ideal é inventar receitas utilizando esses restos. Para Maria Domingues, o uso dos atacados saquinhos plásticos, por exemplo, não deve ser repreendido se eles forem reutilizados como sacos de lixo. Ela ressalta que o uso do verso do papel também é uma prática simples que deve ser disseminada.
- Pego mala direta, papel de banco, envelopes, grampeio tudo do lado do verso e coloco ao lado do telefone para anotar recado. Outra idéia na questão da reutilização é aproveitar vidros de maionese para guardar compotas e algodão. Basta um olhar antes de jogar algo fora que, muitas vezes, se encontra uma nova função para aquilo. É uma vantagem para o meio ambiente e para o bolso.
Dentro da perspectiva da reutilização, a consultora sócio-ambiental Pólita Gonçalves sugere que antes do descarte, o consumidor pode tentar trocar ou vender o que não precisa ou não deseja mais. Para quem não deseja fazer um bazar em casa, uma das opções é o site Freecycle , uma organização sem fins lucrativos que reúne pessoas interessadas em deixar seus objetos fora dos depósitos de lixo. As pessoas podem doar, trocar ou até pedir desde objetos até móveis.
- Desde um celular até um ventilador, todo mundo sempre tem coisas que não quer mais e não sabe o que fazer a não ser jogar no lixo. Mais do que nunca é hora de pensarmos em opções alternativas ao lixo - sugere Pólita.
Depois de reduzir a quantidade de lixo e reutilizar os objetos, deve-se separar o material para reciclar. Maria lembra, no entanto, que essa etapa todo mundo conhece, mas não é a mais fácil porque é preciso ter alguém para receber o material.
- Não adianta separar e colocar ao lado do lixo comum se eu não houver a certeza do destino daquele material. Do contrário, seu esforço se perdeu.
No Rio, desde 1993, a Comlurb desenvolve um programa de coleta seletiva. Inicialmente baseado na implantação de cooperativas de bairro, em 2002 a empresa começou a fazer a coleta seletiva porta a porta. No primeiro ano, foram recolhidas 3.507 toneladas de lixo. Em 2008, a quantidade praticamente dobrou, passando para 6.218,97 toneladas.O recolhimento é feito uma vez por semana, em dias alternados ao da coleta domiciliar. Atualmente, ela é realizada em 42 bairros, atendendo cerca de 30% das moradias cariocas. Para saber o dia que o caminhão passa em determinada rua, basta acessar o site da Comlurb ou ligar para o telefone (21) 2204-9999.
Mas, é preciso lembrar que o lixo reciclável deve ser colocado limpo e seco em sacos plásticos transparentes, para que o gari da coleta seletiva veja o conteúdo e não misture o material reciclável com o lixo domiciliar.
Além da coleta, a Comlurb montou ecopontos, que são instalações criadas para o recebimento gratuito de entulhos de obra, galhadas e outros materiais transportados por catadores, carroceiros e pela população. Nos ecopontos, os resíduos são depositados em caixas metálicas que, quando cheias, são removidas para os aterros.
A iniciativa privada também não tem ficado de fora do compromisso com o descarte do lixo. Pilhas, baterias e resíduos eletroeletrônicos, como computadores, teclados, telefones celulares têm sido recebidos pelos próprios fabricantes. Segundo Pólita, este é o princípio da responsabilidade pós consumo, o que faz com algumas empresas recolham material produzido, nas lojas ou assistências técnicas. Os supermercados Extra, por exemplo, montaram, em parceria com a Pepsico, as Estações de Reciclagem Extra H2OH!. As estações recebem papel, plástico, metal, vidro, além de óleo de cozinha usado, que deve ser armazenado em garrafa pet e entregue nos postos de coleta. Todo material arrecadado é doado a cooperativas de catadores e a renda revertida para seus cooperados. Ações parecidas estão sendo feitas por outras redes de supermercados, como o Wal-Mart.
Onde deixar:
- Baterias, aparelhos de celular e acessórios:
As operadoras Vivo, Claro, Tim e Oi recebem em todas as lojas aparelhos, baterias e acessórios de qualquer modelo ou operadora. Não é preciso ser cliente para depositar os resíduos.
- Pilhas:
Uma resolução do Conama determinou que, a partir de novembro de 2010, fabricantes de pilhas e baterias são responsáveis pela coleta. Enquanto os revendedores não aderem à lei, é possível depositar o material usado nas agências do Banco Real, que disponibiliza os coletores "Papa-Pilhas". Outra opção são os 500 coletores verdes da Comlurb espalhados pela cidade. Para conferir os endereços, basta acessar o site da Comlurb, clicar na aba "Serviços" e depois na opção "Cestas Coletoras de Pilhas e Baterias".
- Papéis, metal, vidro e óleo de cozinha:
Lojas da Rede Wal-Mart: têm as Estações de Reciclagem com recipientes destinados à coleta seletiva de papel, plástico, metal, vidro e óleo de cozinha, que beneficia 32 cooperados. No Rio, a coleta funciona no Sam´s Niterói, Sam´s Linha Amarela, Wal-Mart Barra, Wal-Mart Campinho, Wal-Mart Campos dos Goytacazes e Wal-Mart Tijuca.
Programa de Estações de Reciclagem - Todo material arrecadado nas estações é doado a cooperativas de catadores e a renda revertida para seus cooperados.
Caixa Verde - lançado em março de 2008 como um projeto piloto de reciclagem pré-consumo em uma loja Pão de Açúcar, o Caixa Verde agradou o público e ganhou espaço em mais 21 supermercados da rede. A ação faz parte do programa de responsabilidade ambiental da empresa e tem como objetivo estimular os clientes a reciclar embalagens (papel, papelão e plástico) antes de levá-las para casa. Exemplificando: ao invés de levar a pasta de dentes e sua respectiva caixinha, o cliente leva só o tubo. As doações são voluntárias e o funcionamento do "Caixa Verde" é exatamente igual ao check-out tradicional. Hoje 130 mil embalagens já foram recicladas por meio do Caixa Verde.
- Equipamentos eletrônicos:
Comitê para a Democratização da Informática (CDI) - recebe computadores e periféricos em estado de funcionamento e usa o material doados em programas de inclusão digital. As máquinas devem ter processador Pentium III ou superior, com HD e memória. Também são recebidos scanners, impressoras e laptops com fonte e com as mesmas especificações mínimas do computador. Para saber qual CDI mais próximo, o interessado deve ligar para 3546-6570 ou mandar e-mail para cdirj.doacao@cdi.org.br. Em grandes quantidades, eles buscam os equipamentos.
Dell - O fabricante de computadores recolhe, recondiciona e doa equipamentos para projetos de inclusão digital. Para saber os locais de recebimento, o site é www.pensamentodigital.org.br. A Dell também tem outro projeto, que é global e recolhe computadores e destina para parceiros ambientais. Basta entrar no site www.dell.com/recycling e clicar na bandeira do Brasil.
HP - Recolhe baterias de notebooks, calculadoras e outros produtos da marca HP. A coleta deve ser solicitada no site www.hp.com.br/baterias. As baterias também podem ser entregues na rede de assistência técnica. Também há o Programa Planet Partners, que faz a coleta de cartuchos e toners para a reciclagem junto a clientes corporativos e usuários domésticos. Em 2008 mais de 60 mil toners foram coletados e reciclados através desse programa no Brasil e mais de 212 mil cartuchos de tinta foram coletados e destinados para reciclagem. Mais informações pelo e-mail reciclagem@hp.com. É importante informar o modelo do seu equipamento, a quantidade e a localidade onde se encontra.
Canon - Mantém programa de reaproveitamento de impressoras com coleta na rede de assistência técnica (http://www.canon.com.br/).
- Óleo de cozinha:
- ONG Disk Óleo: faz um processo de purificação e o vende para indústrias de sabão, biodiesel e asfalto. A ONG paga em dinheiro ou em material de limpeza pelo óleo recebido. Basta ligar para (21) 2260-3326 e solicitar o recolhimento do material.
- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): troca uma garrafa cheia por uma muda de planta. O óleo poderá ser entregue apenas em garrafas PET, que serão encaminhadas para reciclagem. A entrega do óleo deve ser feita sempre às quintas-feiras, das 8h às 11h30m, em quatro diferentes pontos do campus da Fiocruz: portarias da Avenida Brasil e da Rua Leopoldo Bulhões; portaria da Dirac; e na expansão. Mais informações pelo telefone 2209-2175.
- Reciclagem de óleo de cozinha Porto Seguro - nos Centros Automotivos Porto Seguro e sucursais, o público poderá retirar minigalões para armazenar o óleo de cozinha usado. Quando o recipiente estiver cheio, é só levá-lo novamente ao CAPS e despejar o óleo no coletor. A partir de sua reciclagem será fabricado o biodiesel. Clique aqui para encontrar o centro automotivo mais perto.
Fonte: Fernanda Baldioti, O Globo