quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Brasil exportará vacina de sarampo e rubéola para países pobres

O Brasil produzirá pela primeira vez vacina exclusivamente para exportação. A previsão é de que o país exporte 30 milhões de doses da vacina dupla contra sarampo e rubéola a partir de 2017, principalmente para a África, pelo menor preço mundial: US$ 0,54. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nesta segunda-feira (28).

O projeto é uma parceria entre o laboratório Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Fundação Bill & Melinda Gates, maior fundação filantrópica do mundo, pertencente ao empresário Bill Gates. O acordo inclui a construção de uma fábrica de vacinas e medicamentos do laboratório Bio-Manguinhos em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que custará R$ 1,6 bilhão ao Ministério da Sáude.

“Esta fábrica vai gerar emprego, renda, conhecimento, pesquisa e inovação tecnológica aqui no país. Além disso, vai exigir maior qualidade da produção nacional, o que fará com que as vacinas e outro medicamentos da Fiocruz tenham cada vez mais qualidade”, disse Padilha.

A fundação americana Bill & Melinda Gates comprará as vacinas da Fiocruz para doá-las a países pobres. Além disso, a parceria prevê o investimento de US$1,1 milhão por parte da fundação para o desenvolvimento e a pesquisa clínica da vacina.

Padilha afirmou que, embora o Brasil já tenha erradicado a rubéola e o sarampo, a demanda mundial é muito forte. “Cerca de 150 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo vítimas do sarampo. Ao produzirmos essa vacina, podemos ocupar o mercado global. Primeiro com essa vacina, e depois abrir as portas para outros tipos de vacinas produzidas aqui”, disse.

Atualmente, o Brasil exporta diferentes tipos de vacinas para 75 países. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece 25 tipos de vacinas. 96% delas são de produção nacional. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, afirmou que a nova planta vai quadruplicar a produção de vacinas no país.

“Vamos elevar nossa capacidade de produção que hoje é de cerca de 150 milhões de doses por ano de vacinas para 650 milhões de doses por ano”, disse. O fato de a Fiocruz já produzir a tríplice viral MMR (caxumba, sarampo e rubéola) facilitará o desenvolvimento da nova formulação, segundo ele.

“Mas cada formulação é uma nova vacina e apresenta novos desafios. Então é um produto novo, desenvolvido inteiramente com tecnologia e competência nacional, que vai responder uma demanda central do ponto de vista mundial." A tríplice viral não foi cogitada no acordo, pois a caxumba não é uma doença fatal na maioria dos países que hoje necessitam da vacina dupla contra a rubéola e o sarampo.

Segundo o presidente do programa Global Health da fundação, Trevor Mendel, um laboratório indiano é o único produtor deste tipo de vacina atualmente. A parceria com o Brasil, de acordo com ele, é fundamental para universalizar o acesso a essas vacinas. Cada dose de vacina custa hoje cerca de US$ 0,57, com previsão de aumento para os próximos anos.

(Época)