Gases como o gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e o vapor de água (H2O) funcionam como um ‘telhado’ ao redor da Terra, impedindo que a energia do sol absorvida pela Terra durante o dia seja emitida de volta para o espaço. Sendo assim, parte do calor fica “aprisionado” próximo da Terra, o que faz com que a temperatura média do nosso planeta seja em torno de 15°C. A esse fenômeno de aquecimento da Terra dá-se o nome de efeito estufa. Se não existisse o efeito estufa a temperatura média na Terra seria em torno de –15°C.
Se o aquecimento da Terra pelos gases estufa permite que o nosso clima seja mais ameno, então por que nos preocupar com o efeito estufa? O grande problema é que o efeito estufa está aumentando muito rapidamente neste último século, pois está havendo uma alta emissão de gás carbônico para a atmosfera, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis (carvão, gasolina, diesel) e às queimadas das florestas. Neste último século, a temperatura do nosso planeta aumentou em média 0,7°C. Pode parecer pouco, mas esse aumento já foi suficiente para abalar o clima do planeta.
Pesquisadores do Reino Unido observaram que o aumento da temperatura naquele país fez com que a atividade microbiana do solo aumentasse, aumentando assim a emissão de CO2 que estava retido no solo.O chamado IPCC, Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (Intergovernamental Panel on Climate Change), conta com a participação de cerca de 2500 cientistas e técnicos que tem como objetivo monitorar as variações climáticas e impactos ambientais de forma objetiva e compreensível. As avaliações do IPCC são utilizadas mundialmente pelos tomadores de decisões (no nível político) e cientistas. As projeções do órgão são de aumento de temperatura para o ano de 2100 de 1,0 a 3,5 °C, e do nível do mar de 20 a 86 cm. Além do aumento da temperatura global também foi registrado que o nível do mar global subiu de 1,6 a 3,9 cm. A elevação do nível do mar já fez com que a população inteira de uma Ilha do Pacífico fosse evacuada, fazendo com que seus habitantes perdessem seus lares e suas identidades culturais.
O gás carbônico não é o único gás capaz de impedir que a radiação infravermelha emitida da Terra escape. Na verdade este contribui com cerca de 53 % do total dos gases estufa, sendo que outros gases produzidos pelas atividades humanas também contribuem para o efeito estufa: metano (17%); CFCs (12%), e óxido nitroso (6%), entre outros. Além de estar em maior porcentagem, a concentração do gás carbônico vem aumentando rapidamente nas últimas décadas.
A maior fonte de óxido nitroso está nos processos naturais devido às atividades biológicas no solo e nos oceanos, mas a manipulação do solo pelo homem incluindo o uso de fertilizantes vem aumentando a emissão desse gás para a atmosfera. O ozônio nas camadas mais baixas da atmosfera (a troposfera) além de ser um gás extremamente tóxico também tem um elevado poder de aquecimento. A água tem grande capacidade para armazenar calor, mas não se enquadra nos ‘gases de efeito estufa’ propriamente dito porque a quantidade de água na atmosfera depende dos outros gases. Isto é, quanto maior a temperatura da atmosfera, maior a evaporação da água dos rios, oceanos e de outros reservatórios. Sendo assim, se a concentração dos gases de efeito estufa aumentar devido a ação do homem, o aumento do vapor de água da atmosfera será uma conseqüência disso. Se a emissão de gás carbônico continuar aumentando na mesma velocidade dos últimos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar tanto que os desastres previstos são muito grandes. Por exemplo, o gelo das regiões polares poderá derreter, causando inundações de grande parte da costa dos continentes, sendo que cidades litorâneas inteiras poderão desaparecer. As correntes oceânicas poderão ser afetadas de forma a alterar a distribuição de calor na Terra, grandes regiões agrícolas poderão se tornar desertos, e tempestades violentas poderão ocorrer com mais freqüência por causa das variações climáticas.
A preocupação com o efeito estufa é tão grande que 141 países assinaram um acordo internacional que visa diminuir a emissão de gás carbônico para a atmosfera. Este acordo foi chamado de “Protocolo de Kyoto” (cidade no Japão onde se concluiu o documento). O protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro de 2005, diz que os países desenvolvidos (que fazem parte do acordo) se comprometem a reduzir até 2012 a emissão de gases de efeito estufa em pelo menos 5%, de acordo com os níveis de 1990. Em outras palavras, cada país avalia o quanto emitia de gases estufas no ano de 1990 e deve passar a emitir 5% menos dentro do prazo estipulado. Os Estados Unidos, que são os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo (respondendo por 36 % do total mundial) não ratificaram (não transformaram em lei) o acordo. Juntos, EUA, Rússia, Alemanha, Grã Bretanha e Japão respondem por 70% das emissões acumuladas de gases de efeito estufa.
Como podemos saber qual era a concentração de CO2 na atmosfera há milhares de anos atrás? Imagine que a neve que caiu sobre a Antártida há milhares de anos ainda está lá soterrada, pois esta não derreteu desde então. Se a neve for escavada e trazida para a superfície, é possível cortar o gelo em fatias, determinar sua idade, e recuperar os gases que estavam na atmosfera há milhares de anos atrás. Os cilindros de gelos escavados são chamados de ‘testemunho’ e são extremamente valiosos como fonte de informação sobre o clima na Terra no passado, visto que à medida que a neve precipita, esta carrega consigo os gases presentes na atmosfera. Por meio da avaliação da concentração desses gases é então possível inferir o clima do planeta no passado.
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O que podemos fazer para diminuir minha emissão de CO2 para a atmosfera? A natureza está fazendo a parte dela. Cada um de nós é responsável pela emissão de uma parcela de CO2 para a atmosfera, pois consumimos produtos industrializados e usamos carros ou ônibus para nos locomover. Um norte americano ou europeu, em média, é responsável pela emissão de 5 toneladas de CO2 por ano, enquanto que em países não industrializados, essa média cai para 0,5 tonelada. Portanto, para contribuir menos para o efeito estufa basta consumir menos (reduzir o consumo!). Mas como fazer isso numa sociedade com tantos apelos ao consumo? Para cada tonelada de papel reciclado, de 10 a 20 árvores são poupadas. Isto representa uma economia de recursos naturais, as árvores não cortadas continuam absorvendo CO2 pela fotossíntese, e gasta-se a metade da energia para reciclar o papel que para produzi-lo pelo processo convencional. Uma latinha reciclada economiza em energia o equivalente ao consumo de um televisor ligado por 3 horas. Veja que quando falamos em economia de energia, isto representa uma economia de combustível que seria queimado pela indústria, que implica numa redução na emissão de gás carbônico para a atmosfera, que implica numa diminuição do efeito estufa. O Brasil é o país que mais recicla as latas de alumínio (refrigerante, cerveja) no mundo, chegando a 96% em 2004. (Brasil é tetracampeão em reciclagem de latas).
Veja alguns dados sobre reciclagem:
- De 10 a 20 árvores são poupadas por cada tonelada de papel reciclado.
- O processo de reciclagem de papel economiza mais de 50% da energia utilizada no processo convencional.
- Minimiza a poluição por gazes e efluentes, que é muito grave nas fábricas de celulose.
- Utiliza 50 vezes menos água na produção.
Reciclagem de plástico.
- Há economia de recursos não renováveis como o petróleo.
- A reciclagem economiza 90% da energia utilizada no processo normal de fabricação.
- Diminui o volume de lixo a ser aterrado, pois sua decomposição no solo pode ser superior a 200 anos.
Reciclagem de vidros:
- Não altera o ecossistema através da extração da areia, barrilha, calcário, feldspato e outros minerais.
- Economiza energia, pois o caco de vidro funde a temperaturas mais baixas.
- Minimiza a produção de gases tóxicos (reduz a poluição).
- Diminui o volume de lixo nos aterros sanitários, pois a decomposição do vidro no solo é superior a 2000 anos.
Reciclagem de metais:
- Uma latinha reciclada economiza em energia o equivalente ao consumo de um televisor ligado por 3 horas. A reciclagem do alumínio representa uma economia de 95% da energia necessária no processo convencional.
- A fabricação de alumínio a partir da bauxita produz grandes quantidades de subprodutos poluentes.
- Para cada kg de alumínio reciclado, se economiza 5 kg de bauxita.
Com a reciclagem do lixo consegue-se:
- Reduzir o consumo de energia e água.
- Reduzir os custos de produção devido ao reaproveitamento de recicláveis pelas indústrias de transformação.
- Gerar recursos que podem ser empregados na área social.
- Mudar o comportamento em relação ao desperdício.
- Fortalecer uma nova mentalidade ambiental
Saiba mais: USP , Geografia para todos