Mais de um ano depois de constatar situações que evidenciavam falta de segurança em 12 boates do Rio e cinco de São Paulo, a associação Proteste não conseguiu, até hoje, resposta das autoridades para resolver os problemas apontados em testes feitos nesses estabelecimentos, em novembro de 2011. Logo após a constatação dos problemas, a associação encaminhou ofícios às prefeituras das duas cidades para alertá-las sobre fatos que colocavam em risco a vida dos frequentadores.
Em algumas casas noturnas foram verificados problemas como os verificados na boate Kiss, de Santa Maria (RS): passagens obstruídas, falta de indicação de saída e de extintores de incêndio e também ausência de barras antipânico nas saídas de emergência. Nenhuma das 19 boates apresentavam indicação de lotação máxima.
Maria Inês Dulci, presidente da Proteste, entidade que reúne 250 mil afiliados em todo o país, disse que voltou a cobrar ontem um posicionamento das prefeituras, assim como encaminhou o resultado do teste à Casa Civil da Presidência e à Câmara dos Deputados.
— No ano passado, já havíamos cobrado uma resposta e as prefeituras argumentaram que era época de eleição, e que não tinham condições de levantar informações sobre os estabelecimentos citados na pesquisa — disse Maria Inês.
No Rio, foram testados os seguintes estabelecimentos: 00, Bar do Copa, Baroneti, 021, Mariuzim, Casa da Matriz, Melt, Nuth, Pista 3 (não existe mais), Praia, Rio Scenarium e Zozô. Já em São Paulo foram detectados problemas na Boogle Disco, The History, Secrett Lounge, Taboo e D Edge.
Segundo Maria Inês, os testes só foram feitos nessas boates porque somente nelas houve condições de apuração de todos os itens de segurança necessários.
Apesar dos problemas verificados pela entidade, a avaliação é que, das 12 casas visitadas no Rio, três cumpriram à risca pelo menos as condições básicas de segurança. Mariuzin, Melt e Rio Scenarium mantinham, na ocasião, passagens desobstruídas e saídas devidamente sinalizadas, por exemplo.
No outro extremo, com pior desempenho, segundo o teste da entidade, aparece a 021, que não cumpriu nenhum dos requisitos básicos de segurança, segundo relatório da entidade encaminhado às autoridades. De acordo com a Proteste, a violação mais grave detectada foi a existência de uma única porta, com apenas 80 centímetros de largura, que servia para entrada e saída dos usuários da casa.
Já as boates Casa da Matriz, Praia e Pista 3 estavam descobertas de extintores de incêndios e também não ofereciam saída de emergência separada.
— Esse tipo de descaso é o que pode provocar tragédias como a que aconteceu em Santa Maria — afirmou Maria Inês, para quem o governo deveria normatizar as regras de segurança em todo o país.
No ofício encaminhado à Casa Civil e à Câmara dos Deputados, a Proteste pediu para que haja uma fiscalização rigorosa em unidades de entretenimentos. Não apenas em casas de show ou boates, mas teatros e cinemas. Segundo a presidente da entidade, muitos dos estabelecimentos não apresentam condições adequadas de segurança.
— Muitos lugares não têm sequer um extintor funcionando.