quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pesquisador sugere introduzir elefantes africanos na Austrália

Um pesquisador australiano resolveu defender uma medida controversa para o controle de incêndios na Austrália: a introdução de elefantes e rinocerontes, oriundos das savanas africanas, no país. Em artigo, publicado no periódico científico Nature, David Bowman, da Universidade da Tasmânia, afirma que as espécies atuariam no controle do fogo, comendo o capim-andropogon, um tipo de grama nativo que é muito inflamável. No entanto, especialistas australianos afirmam que a medida poderia causar ainda mais problemas para o ecossistema do continente.

Há exatamente três anos, a Austrália passou por um terrível incêndio, que ficou conhecido como Black Saturday - que consumiu mais de 400 mil hectares de terra e matou 200 pessoas. Os incêndios são uma preocupação constante na Austrália e que no ano passado 5% do continente foi atingido pelo fogo, de acordo com dados do artigo de Bowman.

Além do fogo, que acontece tanto pelo aumento das secas, quanto pelo manejo da terra - que usa vegetação mais inflamável -, há ainda a questão de espécies invasoras que criam um desequilíbrio no ecossistema, como búfalos e raposas. Isso também seria resolvido pela medida, afirma Bowman. Os grande animais africandos (juntamente com dragões de Komodo, da Indonésia) além de consumir o capim-andropogon, controlariam o crescimento dessas populações.

A proposta também inclui empregar caçadores aborígenes que poderiam ajudar no controle destes animais. "Eu percebo que há grandes riscos associados com o que estou propondo", disse Bowman. "Mas as abordagens usuais para gerir estas questões não estão funcionando".

A proposta não foi bem aceita por outros cientistas; Paul Sinclair, coordenador do programa de ecossistemas da Australian Conservation Foundation acredita que a medida criaria caos. “A Austrália já tem muitas espécies que foram introduzidas e que estão causando devastação. Nós não precisamos de elefantes”. O pesquisador afirma que há outros métodos mais eficazes. “Seria melhor se nós trabalhássemos no controle de problemas como o do capim-andropogon – que altera o regime de queima pela sua alta combustão -, aplicando medidas de queima nas lavouras mais inteligentes”, disse ao iG.

Andy Sheppard, ecologista da Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Austrália (CSIRO) afirmou que “a ideia de Dr. Bowman se opõe a qualquer prova baseada em avaliações”.
Fonte: Último Segundo