Deixar de se preocupar com o sobrepeso infantil confiando que com seu crescimento a criança vai “esticar” é um erro, segundo alertam especialistas. Da mesma forma, é equivocado associar o peso extra infantil a um sinal de saúde. Atualmente, é crescente o número de crianças com obesidade. Acreditar nesses velhos mitos pode trazer perigo para a saúde dos pequenos e para sua vida adulta, como problemas de saúde precoce e a falta de hábitos saudáveis.
Para a nutricionista da Coordenação-Geral de Alimentação de Nutrição (CGAN/DAB/SAS/MS), Ana Carolina Feldenheimer, é importante desmitificar a ideia de que criança considerada gordinha está bem alimentada. “A criança precisa crescer dentro dos limites saudáveis, ou seja, nem muito magrinha nem muito gordinha. Por isso, é importante os pais conhecerem a curva de crescimento da criança em relação ao peso e a altura, para saber se ela realmente está com excesso de peso”, orienta.
A ideia de que o crescimento vai fazer a criança “esticar” não acontece de forma espontânea, caso não sejam estimulados a alimentação saudável e a prática de atividades físicas. “Alguns estudos também apontam que meninas com sobrepeso e obesidade têm a menarca, primeira menstruação, mais cedo. E a menarca para a adolescente é importante, pois define o crescimento da mulher. Depois que ocorre, ela tende a crescer menos. Então, quando se antecipa esse processo, o estimulo de crescimento não acontece no tempo certo”, alerta Ana Carolina.
O ideal é sempre manter o peso dentro dos limites saudáveis. “Se a criança sempre foi mais alta e mais pesada, mas está dentro do aceitável, não terá problemas. O ruim é quando ela começa a ganhar peso de uma maneira acelerada, o que provavelmente vai acompanhá-la para o resto da vida se ela não mudar os hábitos alimentares desde cedo”, afirma a nutricionista.
Uma obesidade precoce pode causar problemas futuros sérios. Segundo Ana Carolina, crianças com 10 anos já apresentam problemas de colesterol alto e tendem a ter diabetes ou desenvolver doenças crônicas antes. Por isso, mudar os hábitos alimentares é importante, mas deve ser feito não apenas para as crianças; a família toda deve dar o exemplo.
“A mudança alimentar terá pouco efeito se só os filhos mudarem o seu comportamento. Se a família inteira mudar os hábitos, comer mais verduras, saladas e mantiver momentos de lazer mais ativos, esses hábitos serão incorporados na vida da criança e vão surtir efeitos no futuro”, recomenda Ana Carolina, que lembra que não adianta mudar a alimentação por um tempo para emagrecer e depois voltar aos velhos hábitos.
É comum os pais disfarçarem verduras e legumes durante a preparação de alimentos para que o consumo seja feito sem a criança perceber, o que é errado. “O ideal é que a criança saiba o que ela está comendo. Disfarçar o legume no feijão, por exemplo, pode deixá-lo mais nutritivo, mas a criança não vai saber o que está comendo e quando for adulto não fará escolhas alimentares saudáveis.”
Para a nutricionista, mascarar o gosto dos alimentos também não permite saber se a criança gosta ou não dele. O ideal é testar novas preparações para saber se aquela terá mais aceitação, convidá-la a experimentar novos alimentos, para só depois de muitas tentativas ter a certeza se ela gosta ou não de alguma coisa. O refrigerante, principal vilão da má alimentação, seguido dos salgadinhos, bolachas recheadas e fast-foods, devem ser deixados apenas para alguns momentos e não devem fazer parte da alimentação regular.
Fonte: Fabiana Conte / Comunicação Interna do Ministério da Saúde