Que têm em comum as palavras “segurança”, caótico” e “problema”? Todas estão na lista de palavras proibidas para os empregados da General Motors que estavam documentando potenciais problemas de segurança. A lista de 68 termos vetados foi mais um dos rodeios da montadora no caso que levou ao recall de 2,6 milhões de carros por um defeito na ignição, que teria levado à morte de 13 pessoas.
As primeiras observações sobre a falha aconteceram há mais de uma década. Nos últimos anos, diversos consumidores se queixaram à companhia, que, desde 2012, já tinha amplo conhecimento do problema, mas só fez recall neste ano, em duas etapas, em fevereiro e março. A demora levou ao governo a aplicar multa à companhia de US$ 35 milhões, anunciada na sexta-feira.
As primeiras observações sobre a falha aconteceram há mais de uma década. Nos últimos anos, diversos consumidores se queixaram à companhia, que, desde 2012, já tinha amplo conhecimento do problema, mas só fez recall neste ano, em duas etapas, em fevereiro e março. A demora levou ao governo a aplicar multa à companhia de US$ 35 milhões, anunciada na sexta-feira.
As autoridades também divulgaram o documento em que a empresa, além de informar a lista de palavras proibidas, adverte os empregados a se ater aos fatos e evitar linguagem que possa prejudicar a GM no futuro. A palavra “defeito”, por exemplo, “pode ser considerada uma admissão jurídica” e deve ser evitada, diz o texto. A lista traz ainda adjetivos como “mal”, “perigoso” e “malévolo” e expressões como “armadilha mortal” e “criador de viúvas”. “Sempre” e “nunca” também deviam ser evitados.
No documento, a GM disse a seus empregados que uma linguagem floreada é simplesmente inútil para chegar à raiz do problema e avisou que certas palavras poderiam ser mal interpretadas, no futuro, por alguém de fora da empresa. E pediu aos funcionários que refletissem sobre como se sentiriam se algo que estavam escrevendo fosse reproduzido em um jornal importante.
O material, afirmou David Friedman, diretor interino da Administração Nacional para a Segurança do Trânsito nas Estradas (NHTSA, na sigla em inglês), é parte de um problema maior da GM, onde os engenheiros relutaram a enviar a seus superiores documentos com a palavra “defeito”. “O fato de que a GM levou tanto tempo para relatar este defeito sinaliza que havia algo muito mal com os valores da companhia”, frisou.
Em sua defesa, a GM afirmou que agora os empregados são encorajados a discutir assuntos de segurança. “Nós encorajamos nossos empregados a ser precisos em suas manifestações e continuaremos trabalhando com a NHTSA para melhorar os processos de segurança”, disse a companhia em comunicado.
Porém, Clarence Ditlow, diretor-executivo da ONG Centro para Segurança Automotiva, disse que o que a GM fez não é incomum. Os fabricantes de carros são obrigados por lei a relatar ao governo defeitos de segurança no prazo de cinco dias após serem descobertos. Por isso, as montadoras são cuidadosas com a linguagem para evitar que a legislação se aplique.
— A palavra “D” (defeito) está proibida em qualquer fabricante de carros. A GM só confirma isso — disse Ditlow.
(O Globo)