quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Crescem afastamentos por transtorno mental e comportamental

A quantidade de afastamentos por distúrbios mentais e comportamentais cresceu 22 vezes entre 2006 e 2009, segundo relatório do MPS (Ministério da Previdência Social). Foram 612 profissionais afastados em 2006 e 13.478 no ano passado, dos quais 12.277 (cerca de 90% do total) apresentavam estresse e transtorno de humor. O aumento no índice chama a atenção de especialistas, que citam a falha nas notificações como uma das principais causas.
Para o diretor de Saúde e Segurança ocupacional do MPS, Remígio Todeschini, "as fontes de mal-estar no emprego estão aumentando", mas a principal causa do aumento é a criação do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário em 2007. O NTEP determinou que os peritos médicos observem o código da doença apresentada pelo profissional, de acordo com a Classificação Internacional de Doença, e o setor de atividade desse trabalhador, de acordo com o CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Assim, caso o profissional apresente um código de doença relacionado com o CNAE da empresa empregadora, há maior chance de obter nexo ocupacional.
A coordenadora do grupo Organizações do Trabalho e Adoecimento da Fundacentro, Maria Maeno, afirma que a somatória de afastamentos inclui apenas casos reconhecidos pela perícia do INSS no mercado. "Muita gente incapacitada está trabalhando, na esfera privada e na pública", contesta, em entrevista à Folha de São Paulo.
A dificuldade de diagnóstico desses tipos de transtorno é grande, pois os trabalhadores têm medo de serem estigmatizados, demitidos ou ter o salário reduzido. Com medo e sob a pressão de metas e resultados, de maior intensidade de trabalho e de ambientes competitivos e hostis, esses profissionais tentam manter o nível de produtividade elevado. Estendem a jornada quase automaticamente, com acesso constante aos e-mails e de prontidão para telefonemas.
Para combater os casos de estresse e depressão, a iniciativa privada utiliza estatísticas e programas de qualidade de vida. A psicóloga e presidente da Isma-BR Ana Maria Rossi alerta que, além de oferecer um programa de bem-estar, a empresa deve ainda acompanhar sempre a frequência dos colaboradores.
A companhia SulAmérica, por exemplo, monitora a saúde de seus funcionários através de mapeamento. Os números revelaram que os remédios mais vendidos aos 150 mil segurados são antidepressivos e ansiolíticos, usados no tratamento de estresse e depressão. São oferecidos ainda: acompanhamento por telefone, dança, coral, massagem e, uma vez por ano, terapias alternativas como reflexologia e bambuterapia. "Após as ações, na avaliação anual, tivemos crescimento dos índices de satisfação no quesito equilíbrio da vida pessoal e profissional", relata a vice-presidente de recursos humanos da seguradora, Maria Helena Monteiro, em entrevista à Folha de São Paulo.


Fonte: Revista Proteção