sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Anorexia nervosa: Efeito de uma sociedade cruel

É muito difícil viver numa sociedade consumista e discriminadora, como a que temos atualmente, sem nos contaminar com a pressão e a imposição de códigos de conduta que ela derrama sobre nós. No entanto, torna-se imperativo que estejamos atentos e adotemos uma postura mais crítica em relação às mensagens que nos são passadas, para evitarmos as doenças e os distúrbios comportamentais que uma conduta irrefletida pode produzir. Exemplo típico de um descuido a esse respeito é a alta incidência de anorexia nos jovens de hoje. Os sinais mais visíveis da instalação dessa doença são o cuidado excessivo com o corpo, que se dá através da redução contínua do peso, perda de massa muscular e alimentação reduzida.Uma vez instalada a doença, a pessoa começa também a apresentar alterações comportamentais, tornando-se mais arredia, isolando-se para realizar determinadas atividades que antes compartilhava com a família, tendendo a tornar-se depressiva e mais introspectiva.

É muito comum que o anoréxico, mesmo quando já tem consciência de que está se excedendo, apresente a tendência de esconder o problema da família e dos amigos. As pessoas ao seu redor, ao perceberem a doença, devem tentar sensibilizá-lo para que busque ajuda especializada porque, dificilmente, ele o fará por iniciativa própria. O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde, médico ou psicólogo e, dependendo da gravidade do caso, precisará tanto da psicoterapia quanto do tratamento médico.

Quando a doença já se encontra em estado avançado, a pessoa precisa de socorro urgente porque as complicações advindas do quadro agudo podem tornar-se irreversíveis, levando ao óbito do paciente. Os principais sinais da doença em estado avançado são:
  • Magreza excessiva (é possível "ver" seu esqueleto sob a pele); 
  • Hipotensão (pressão arterial baixa); 
  • Intolerância ao frio; 
  • Osteoporose; 
  • Obstipação intestinal (intestino preso); 
  • Dificuldade de ingerir alimentos; 
  • Amenorréia (ausência de menstruação);
  • Sensação de cansaço e fraqueza com mal-estar, vertigens e confusão mental; 
  • Desequilíbrio hormonal com possível infertilidade; 
  • Unhas quebradiças; 
  • Queda acentuada e contínua dos cabelos; 
  • Pele ressecada e sem tônus; 
  • Bradiquardia (batimento cardíaco baixo); 
  • Perda da libido; etc. 
Após os cuidados médicos emergenciais para a recuperação da saúde física, o anoréxico ainda não estará curado. Ele necessitará submeter-se a um processo psicoterapêutico para assimilar a sua saúde física como um ganho e a desvencilhar-se do raciocínio auto-destrutivo que, inconscientemente, construiu para si mesmo. Ele deverá ser acolhido, ao invés de criticado, e receber todo o apoio que merece e precisa para poder reverter esse difícil quadro de distorção de sua imagem corporal. Precisará reaprender a olhar seu corpo mais objetivamente, o que não é fácil num primeiro momento e a alimentar-se de modo saudável. Deverá, também, cercar-se de pessoas que o amem e apóiem, dedicar-se a atividades prazerosas que desviem sua atenção do próprio corpo e ampliar seu universo de relações e atividades.

Através das mudanças que irão sendo criadas em sua rotina diária, a pessoa irá conquistando maior motivação e capacidade de valorizar sua saúde e beleza natural. Para isso, é necessário um trabalho cuja estruturação esteja voltada para que se desfaçam suas crenças errôneas acerca da expectativa que pensa haver das outras pessoas em relação à sua imagem, para poder sentir-se amado e valorizado como realmente é. Da mesma forma, sua própria percepção do próprio corpo precisa voltar à normalidade.

A psicoterapia é valiosa nos quadros de anorexia e não deve ser negligenciada, pois o ex-anoréxico precisa aprender a ver beleza em seu corpo saudável novamente, para que sinta-se feliz e não volte a provocar a instalação da doença. Aprendendo a amar-se e a respeitar-se, saberá relativizar a importância dos modismos e das pressões impostas pela sociedade, escolhendo apenas aquilo que lhe faz bem.

Fonte: Minha Vida