domingo, 14 de dezembro de 2014

China promete acabar com retirada dos órgãos de presos executados

O governo da China anunciou nesta quinta-feira que a partir de 1º de janeiro de 2015 não usará mais órgãos de prisioneiros executados em transplantes. Com a utilização dos corpos de presos mortos, o governo tentava contornar o baixo volume de doadores no país, numa medida que sempre foi muito criticada internacionalmente. A promessa anunciada nesta quinta-feira pela mídia estatal, no entanto, foi recebida com cautela, já que não é a primeira vez que o governo chinês promete acabar com a prática.

O Diretor do Comitê Chinês de Doação de Órgãos, Huang Jiefu, disse que a partir do primeiro dia de 2015 apenas órgãos voluntariamente doados serão usados para as operações no país. De acordo com a BBC, pesquisas mostram que 38 centros de transplantes de órgãos do país, incluindo alguns em Pequim, Guangdong e Zhejiang, já pararam de usar órgãos de prisioneiros.

Por anos as autoridades chinesas negaram a utilização de órgãos de prisioneiros em transplantes, até admiti-la há alguns anos. Os presos são os doadores em dois terços dos transplantes realizados na China, de acordo com estimativas da imprensa estatal. O país tem o maior números de condenados à morte no mundo. Em 2013, estima-se que foram 2.400 sentenciados, de acordo com a ONG Dui Hua.

De acordo com Huang, cerca de 300 mil pessoas precisam de transplante na China por ano, mas apenas 10 mil são realizados. Com um índice de 0,6 para um milhão de pessoas, a China tem um dos menores níveis de doadores de órgãos do mundo. Huang compara o número com o da Espanha, 37 pessoas para um milhão. A tradição chinesa de enterrar os mortos sem nenhuma mutilação é um desafio a ser vencido para aumentar o número de doadores.

(O Globo)