O primeiro ônibus a hidrogênio do Brasil com tecnologia 100% nacional foi lançado ano passado, no Rio de Janeiro. O veículo foi desenvolvido pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) em parceria com a Fetranspor e com as secretarias municipal e estadual de transportes.
O lançamento reuniu dirigentes de empresas privadas e estatais, representantes de governo e de instituições financeiras, entre outros agentes necessários para que o projeto seja viabilizado, modernizando o transporte da cidade e tornando o meio ambiente mais limpo e sustentável. Considerado a evolução do transporte urbano, o ônibus conta com financiamento da FAPERJ, Finep, Petrobras e CNPq. O veículo, com tamanho e aparência iguais de um ônibus urbano convencional, tem piso baixo, ar-condicionado, espaço para embarque de deficientes físicos e autonomia para rodar até 300 quilômetros. É movido a energia elétrica, obtida através de uma tomada ligada na rede e complementada com energia produzida a bordo, por uma pilha alimentada com hidrogênio. Isso significa um veículo silencioso, com eficiência energética muito maior que a dos ônibus convencionais a diesel e com emissão zero de poluentes. O que sai de seu cano de descarga é apenas vapor de água, tão limpo que, se condensado, resultaria em água para consumo. Seu pioneirismo está no fato de terem sidos desenvolvidos no Brasil todos os equipamentos e subsistemas tecnológicos importantes para esta aplicação. O sistema de tração elétrica oferece partidas e deslocamentos suaves e permite otimizar o seu desempenho em função do ciclo de rodagem. Este é o primeiro de uma série de três ônibus desenvolvidos pelo Laboratório de Hidrogênio da Coppe para um programa da Secretaria de Estado de Transportes. O segundo ônibus será elétrico híbrido a álcool e o terceiro exclusivamente elétrico.
Com 12m de comprimento – tamanho de um ônibus convencional – o ônibus elétrico projetado pela Coppe tem capacidade para transportar 70 passageiros, sendo 37 pessoas sentadas, com espaço reservado para cadeirante. Dispõe de três portas de acesso, suspensão a ar, piso baixo e rampa de acesso para cadeira de rodas. O veículo possui um sistema de tração elétrico eficiente, com manejo de energia diferenciado, permitindo o armazenamento de energia elétrica toda vez que se encontra em condição de frenagem ou descida.
Desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da Coppe, com tecnologia 100% nacional, o ônibus elétrico apresenta vantagens econômicas e ambientais em relação aos ônibus convencionais a diesel, tanto na produção como no uso. A redução de impacto no meio ambiente é muito significativa. Para se ter uma ideia, um ônibus urbano convencional a diesel emite uma quantidade aproximada de 100 toneladas de CO2 por ano. Na região metropolitana do Rio, os ônibus a diesel respondem por 30 % das emissões totais de CO2 na atmosfera, com cerca de 16.772 veículos em circulação (dados da Fetranspor). Além do CO2, outros gases geradores do efeito estufa, tais como CH4 e N2O, são lançados na atmosfera. Os veículos emitem ainda outros gases poluentes que afetam à saúde da população como NOx, CO, hidrocarbonetos não queimados, SOx e particulados.
O custo de fabricação do veículo projetado pela Coppe é largamente compensado pelo menor custo de manutenção e de energia consumida. Ressalta-se ainda o benefício financeiro que poderá ser obtido com créditos de carbono, cujo leilão recente no Brasil atingiu valor de R$ 42,00 a tonelada do Carbono, representando uma receita potencial de R$ 70 milhões por ano para toda a frota do Estado.
Segundo o Diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, propor à Prefeitura do Rio o uso deste novo veículo, integralmente projetado e fabricado no Brasil, é uma das primeiras iniciativas do recém-criado Instituto Coppe Clima, que contribuirá para que o Brasil possa cumprir as metas levadas à Conferência de Copenhague e aprovadas em lei recentemente sancionada pelo Presidente da República.
A grande concentração de veículos nos centros urbanos com sistema propulsor que utiliza combustíveis fósseis ocasiona uma importante alteração do meio ambiente, devido à geração de gases de efeito estufa, mas também produz particulados finos e compostos gasosos maléficos à saúde dos seres vivos. Esses problemas somente serão mitigados com o desenvolvimento e uso de veículos não poluentes.
Desde 1999 que o Laboratório de Hidrogênio planeja e projeta o desenvolvimento de ônibus elétrico híbrido com pilha a combustível alimentada com hidrogênio e banco de baterias. A partir de 2005 foi criada uma parceria multi-institucional para tornar realidade este trabalho, que se consumará em 2007.
O ônibus com pilha a combustível alimentada com hidrogênio projetado pelo Laboratório de Hidrogênio é um veículo elétrico, portanto silencioso e confortável ao uso pelo passageiro. Uma importante inovação foi feita por utilizar um sistema de tração que faz o manejo inteligente da energia embarcada, de maneira tal que o motor elétrico de tração usa, de forma compartilhada, a energia elétrica gerada na pilha a combustível e aquela armazenada num banco de baterias, onde é estocada a parte da energia gerada pela pilha a combustível que não é utilizada pelo motor de tração, assim como a energia elétrica regenerada da energia cinética do veículo, em processos de frenagem ou dedescida.
Fonte: FAPERJ
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